D. José Traquina evocou São José como «homem pobre, mas de grande beleza interior», «chamado a ser esposo de Maria e a dar nome ao Menino»
Santarém, 20 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo de Santarém presidiu ontem, na Sé da cidade, à eucaristia da Solenidade de São José, padroeiro de Santarém, denominado como “homem de fé, de trabalho, de silêncio, de ternura, protetor da vida e da família”.
“Não conhecemos de José nenhuma reivindicação de título monárquico. São José surge como um homem simples e pobre, um homem que deseja ser homem com capacidade de trabalho e sentido de responsabilidade. O seu objetivo é isso mesmo: assumir-se como um homem responsável, constituir uma família a viver na proximidade com outras famílias”, afirmou D. José Traquina, numa nota enviada à Agência ECCLESIA.
Na homilia, o bispo de Santarém lembra o compromisso que São José assumiu com Maria, revelando-o “um homem crente”.
A partir da Carta de São Paulo aos Romanos, D. José Traquina evoca o “testemunho de fé de Abraão, o primeiro dos patriarcas bíblicos conhecido como o ‘pai da fé’, e a promessa de que a sua descendência havia de manter o dom da fé em Deus”.
“Às virtudes humanas de José acresce a virtude da fé na sequência da promessa feita ao patriarca Abraão. Isto é, São José, é o último dos patriarcas da fé antes de Jesus nascer”, destaca.
Na Solenidade do padroeiro da cidade e do município, o bispo diocesano fez referência ao Evangelho que recorda que Maria encontrava-se “grávida por virtude do Espírito Santo”, antes de ter ido viver “em comum” com o noivo José.
“’Mas José, que era justo e não queria difamá-la resolveu repudiá-la em segredo’. Veja-se o pormenor: ‘não queria difamá-la’. O evangelista registou que assim José decidiu porque era ‘justo’, isto é, é um homem santo. E por isso, resolveu repudiá-la em segredo e remeter-se ao silêncio”, indica.
Segundo D. José Traquina, em São José contempla-se “o homem que faz silêncio”: “Não um silêncio para ficar no vazio, mas um silêncio à luz da fé para discernir como vai gizar e proceder no caminho a seguir. O silêncio permite algo de maravilhoso: Deus fala no silêncio interior de cada pessoa. Quantos problemas se resolveriam bem se houvesse silêncio”.
O bispo de Santarém salienta que “é no silêncio confiante de José que Deus vai ao seu encontro, não apenas para lhe revelar o mistério da gravidez de Maria, mas para o chamar a uma missão que ultrapassava tudo o que ele podia imaginar”.
’José, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu pôr-lhe-ás o nome de Jesus’. Está aqui declarada a grande vocação de José: é chamado a ser esposo de Maria e a dar o nome ao Menino, isto é, a assumir-se como Pai”
Para D. José Traquina, “São José, homem pobre, mas de grande beleza interior pela sua educação, grande fé e capacidade de trabalho, foi um bom Pai para Jesus, com a graça do amor que Deus colocou no seu coração”.
“Hoje, Dia de São José, é dia de valorizar a figura do Pai, o pai que procura corresponder à sua responsabilidade e missão”, referiu, deixando um apelo.
“Confiemo-nos à intercessão de São José por todos os pais, por todas as famílias, e aqui, especialmente, pelo concelho de Santarém”, pediu, acrescentando que “São José confiou e fez o que Deus lhe pediu: trabalhar e proteger aquele Menino e a sua Mãe”.
“Teve de enfrentar diversas dificuldades, mas tudo na sua vida foi luminoso e inspirado. São José, no seu silêncio, paciência e santidade, havia de tornar-se o padroeiro universal da Igreja, uma grande referência que Deus nos oferece para interceder por nós e inspirar-nos na edificação da vida: a acreditar, trabalhar, defender e caminhar com esperança”, concluiu.
O dia também ficou marcado pela procissão em honra de São José com início na Catedral de Santarém, tendo percorrido algumas das ruas do centro histórico, ao som da Sociedade Filarmónica Instrução e Cultura Musical da Gançaria.
LJ/OC