Decreto «Unitatis Redintegratio» sobre o diálogo entre as Igrejas cristãs foi promulgado a 21 de novembro de 1964
Cidade do Vaticano, 21 nov 2014 (Ecclesia) – O Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos vai assinalar hoje o 50.º aniversário do decreto “Unitatis Redintegratio”, documento sobre o ecumenismo saído do Concílio Vaticano II.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o presidente daquele organismo da Santa Sé sublinha a necessidade de, cinco décadas depois da publicação daquele texto, “relê-lo e torná-lo atual”, à luz dos desafios do esforço ecuménico de hoje.
Ver sobretudo “qual é a sua meta” e “onde se encontram os seus princípios e desdobramentos positivos”, frisa o cardeal Kurt Koch.
Reunido desde terça-feira em assembleia plenária no Vaticano, o referido Conselho vai promover hoje uma conferência na Universidade Pontifícia Gregoriana.
A iniciativa contará com a participação de “representantes das Igrejas Católica, Ortodoxa, Batista, Luterana e Apostólica Arménia”.
Segundo o cardeal Kurt Koch, a abordagem ao texto vai ser feita a partir de “três leituras diferentes: uma católica, uma oriental e uma ocidental, para se entender como é que o decreto pode ser lido hoje e quais podem ser as estradas para um caminho futuro”.
Aquele responsável destaca os progressos que têm sido conseguidos no diálogo com “as antigas Igrejas ortodoxas orientais (siríaca, apostólica arménia, copta, etíope), que se separaram da Igreja mãe no século V após o Concílio de Calcedónia”.
“Neste campo estamos no bom caminho, há uma atmosfera bonita: todos os anos realiza-se uma assembleia geral e seguimos dando passos pequenos mas com uma atmosfera muito boa”, salienta o cardeal.
Quanto à relação com as outras Igrejas ortodoxas, também foram conseguidos desenvolvimentos positivos, sobretudo entre “1980 e 1990”, em que se chegou a um “consenso em torno de questões fundamentais da compreensão da Igreja, dos sacramentos, do ministério”.
No entanto, “as mudanças que se verificaram na Europa” a partir de 1989, com a queda dos regimes comunistas e o desmembramento da União Soviética trouxeram ao ecumenismo novos desafios.
“Com as transformações ocorridas saíram do silêncio as Igrejas católicas-orientais (a Igreja grego-católica, sobretudo na Ucrânia, na Roménia, na Transilvânia), que tinham sido proibidas por Estaline, e tudo isso despertou as antigas acusações de uniatismo e proselitismo”, recorda o cardeal Kurt Koch.
Na sequência destes desenvolvimentos, o diálogo ecuménico chegou a ser “fechado em 2000” mas foi retomado poucos anos depois, sobretudo a partir de um encontro em 2007 na cidade italiana de Ravena, entre responsáveis da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa.
Essa reunião centrou-se na questão do primado do bispo de Roma, que para o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos “não é uma questão simples de ser tratada”.
O cardeal Kurt Koch mantém ainda assim “a convicção de que neste caminho ainda poderão ser feitos progressos”.
JCP