Igreja: Responsáveis portugueses analisam «retrato mais realista» da Catequese, que destaca papel das novas gerações

Presidente da Comissão Episcopal responsável pela Educação Cristã destaca impacto da desertificação do Interior e «grande número» de crianças e jovens acompanhados pelas comunidades católicas

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Fátima, 04 jul 2025 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal responsável pelo setor da Catequese sublinhou hoje a necessidade de traçar um “retrato mais realista” desta área, em Portugal, partir de estatísticas recolhidas pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).

“O Secretariado tomou em mãos este projeto de tentar ter um retrato mais realista da Catequese em Portugal. Certamente que esse é um trabalho que só é possível com a colaboração das paróquias e das dioceses, é um trabalho em processo, digamos, não estará propriamente terminado nem fechado, mas de alguns dados preliminares podemos constatar alguns elementos importantes”, referiu à Agência ECCLESIA D. António Augusto Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé.

O responsável falava durante a reunião nacional dos Secretariados Diocesanos da Catequese, que decorre ao longo do dia em Fátima, dedicado aos novos materiais, à avaliação do ano pastoral e ao planeamento para 2025/2026.

Os participantes ficaram a conhecer os dados preliminares sobre o estudo da “realidade estatística da Catequese em Portugal”, tendo D. António Augusto Azevedo sublinhado que há muitas pessoas “distraídas” em relação a estes números.

“Andamos distraídos, porque na prática há dois países, em termos sociológicos: um país do litoral com muita população, com muita gente nova e um país do Interior mais desertificado com menos gente nova. Esta é uma realidade da qual andamos bastante distraídos, a todos os níveis, eclesial, político, social, etc.”, advertiu o bispo de Vila Real.

O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé acrescenta que os dados preliminares “chamam a atenção para o facto de ainda haver um grande número de gente jovem, crianças e adolescentes” que está presente na Catequese.

“Essa é uma grandíssima oportunidade que não podemos desperdiçar”, sublinha o entrevistado.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

D. António Augusto Azevedo destaca o “número muito apreciável de catequistas”, assumindo como “surpresa pela positiva” a existência de “um perfil de uma geração mais jovem, com formação académica”.

Num olhar sobre último ano pastoral, o responsável mostra-se satisfeito com o trabalho realizado para “levar ao terreno algumas propostas de recursos”, concretizando o “novo itinerário de iniciação à vida cristã”.

“Foi feito um grande trabalho este ano em Portugal, a esse nível, um trabalho que se liga depois à implementação na vida concreta das comunidades”, acrescenta.

Esta tarde, o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé apresenta uma reflexão sobre os desafios da Catequese contemporânea.

“A preocupação da Igreja é saber escutar, perceber estas inquietações, sentir essas necessidades, de certo modo, fazendo um esforço de acolher estas linguagens e saber dialogar também com a nova geração, sempre com a mediação das famílias, que são protagonistas importantes”, indica o bispo de Vila Real.

O encontro incluiu a apresentação de novos recursos catequéticos, pelos padres José Henrique Pedrosa e Rui Alberto, da Salesianos Editora.

O padre Rui Alberto falou à Agência ECCLESIA dos novos materiais para o 5.º ano, ‘Viver a Palavra’.

“Procura apresentar a palavra de Deus, isto é, a nossa experiência cristã, que começa porque Deus gosta de estar connosco e se comunicou”, explicou.

O especialista apresentou ainda o segundo percurso do discipulado missionário, intitulado ‘Sonhos’, para o 10.º ano.

“Estamos na adolescência, a identidade nasce sempre deste encontro, às vezes confronto entre as raízes e os sonhos, em termos humanos. Quem somos? Somos as nossas raízes, a língua, a família, a sociedade onde crescemos, mas somos também os nossos sonhos”, indicou.

O religioso precisa que o processo de catequese está “muito centrado no grupo, ou seja, o grupo é um lugar fundamental, por razões pedagógicas, mas também por razões eclesiais, ou seja, a fé não é uma experiência individual”.

Os materiais apostam também no uso da imagem, que permite “dizer o novo”.

“O Evangelho é sempre novo em relação àquilo que é a nossa cultura, é sempre diferente”, observa o padre Rui Alberto.

A irmã Arminda Faustino, coordenadora do Departamento Nacional da Catequese no SNEC, aponta a uma fase de “grandes mudanças” para dar “corpo e forma ao itinerário da Iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias”.

“Sentimos que tem havido bastante recetividade, particularmente por parte dos catequistas, porque eles também sentiam esta necessidade, alguma coisa diferente e de novo”, aponta.

O encontro nacional aponta ainda ao Jubileu dos Catequistas, que decorre em Roma de 26 a 28 de setembro, no âmbito do Ano Santo, sob a presidência do Papa Leão XIV.

“Há um pequeno grupo representando todos os secretariados, as dioceses, que vai em conjunto, mas também sabemos que, por parte das dioceses e de várias paróquias, há grupos a movimentar-se. Acho que vai ser um momento de grande alegria e de júbilo”, aponta a religiosa.

CB/OC

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