A CEP publica um instrumento de trabalho que adopta o estilo sinodal
A Igreja em Portugalrepensa o modo de fazer pastoral. Na assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), realizada hoje (17 de Junho), em Fátima, foi apresentado o instrumento de trabalho para os próximos anos.
Repensar juntos a pastoral da Igreja em Portugal é a linha mestra do programa. “Pretende-se envolver num caminho sinodal, em comunhão e colaboração, a nível diocesano e nacional, os múltiplos agentes pastorais” – sublinha o instrumento de trabalho. E adianta: “Não se trata de realizar um sínodo nacional mas tão só adoptar o espírito e o estilo sinodal”.
Os bispos portugueses propõem como método o “discernimento pastoral”. “Trata-se de um processo de observação, análise e perscrutação dos sinais de Deus na realidade da vida da Sociedade e da Igreja” – lê-se no documento.
Para colocar em andamento este processo, “propõe-se a todos os pastores das dioceses e aos dirigentes e responsáveis das variadas expressões da Igreja em Portugal a prática da comunhão e da colaboração eclesial em ordem à identificação das linhas comuns de acção pastoral”.
Nas Jornadas Pastorais do Episcopado (realizadas em Fátima, de 14 a 17 de Junho), a CEP começa o processo de «repensar juntos a pastoral da Igreja em Portugal», revendo experiências e ouviu o contributo de peritos em teologia e pastoral e de figuras da sociedade civil e da cultura. De Junho deste ano a Março de 2011 far-se-á o trabalho de discernimento pastoral.
Na assembleia Plenária de Novembro de 2011 da CEP define-se as orientações pastorais comuns para a Igreja em Portugal e “três anos depois (2014), pelos meios julgados oportunos, a CEP avaliará o caminho pastoral feito e os seus frutos, e, se assim o entender, definirá a sua continuidade” – realça o documento.
Traços da situação actual
A Igreja – nas suas múltiplas dioceses, congregações religiosas, movimentos, novas comunidades, associações de fiéis – vive dispersa “em inúmeras actividades, encontros, jornadas, congressos, instituições que parecem não ter ligação entre si nem dar aquela vitalidade e inovação significativa na vida dos cristãos, nem irradiar sinais de esperança na sociedade em que vivemos”.
O processo de catequético, sobretudo na infância e adolescência, foi recentemente “renovado e alargado”, mas “observa-se que, a não ser numa pequena percentagem, acaba por não gerar cristãos vivos e empenhados”.
As cartas, notas, mensagens e outros documentos pastorais da Conferência Episcopal têm “algum impacto no momento em que são publicados, mas depois são esquecidos, não chegando a dar os frutos desejados”.
Ao mesmo tempo que se “nota decréscimo em vários aspectos na Igreja em Portugal”, também há “sinais novos”: “desenvolveu-se bastante a participação laical, quer no interior das comunidades cristãs quer mesmo nalgumas causas” – afirma o documento.
Três aspectos para uma «nova maneira de ser Igreja»
Analisando a situação da Igreja em Portugal “parecem emergir três questões cuja resposta pode indicar o caminho para as prioridades da acção pastoral”. O documento adianta: “a exigência da formação cristã, para sermos melhores fiéis e darmos testemunho do Evangelho; o empenho criativo, ardente e frutuoso na nova evangelização, com um modo cristão e eclesial novo de estar e agir no mundo; a reorganização das comunidades cristãs, que passa pela descoberta de novas formas de exercício do ministério sacerdotal e a implementação da diversidade de ministérios eclesiais”.