A Conferência Episcopal Mexicana (CEM) criticou a atitude do candidato presidencial derrotado, Andrés Manuel López Obrador, de querer “resolver na rua” o que corresponde ao tribunal eleitoral (TEPJF). “É estranho que o candidato Andrés Manuel López Obrador tenha abandonado o seu compromisso público de não afectar terceiros, e continue a querer resolver na rua o que deve resolver, conforme a lei, no TEPJF”, refere um comunicado assinado pelo secretário da CEM, D.Carlos Aguiar Retes. A nota chama López Obrador a corrigir as suas estratégias pós-eleitorais, porque “a imensa maioria dos mexicanos” não desejam a violência verbal ou física, mas a paz, concórdia e reconciliação. “Homens e mulheres, todos somos chamados a procurar e construir a paz, a encontrar caminhos de diálogo para viver na concórdia. Ao procurar impor aos outros as nossas próprias ideias, manifesta-se a intransigência e a falta de respeito para nossos semelhantes: destas atitudes nascem o ódio, o rancor, as discórdias e o desprezo pelos demais”, adverte o Episcopado. A Igreja Católica no México convocou uma Jornada de Oração pela Reconciliação e a Paz, que se realiza até 6 de Agosto. O México ainda vive a incerteza política um mês após as eleições presidenciais, com posições irreconciliáveis entre Andrés López Obrador (de esquerda) e Felipe Calderón (de direita). López Obrador reitera a sua denúncia de fraude no pleito e o seu partido montou na Cidade do México 47 acampamentos de “resistência civil” para exigir a recontagem, voto por voto, das 130 mil urnas que receberam 41 milhões de votos. Ontem, milhares de apoiantes do candidato derrotado bloquearam o acesso à Bolsa de Valores da Cidade do México, na avenida da Reforma, ocupada desde Domingo por simpatizantes de López Obrador. Felipe Calderón venceu as eleições de 2 de Julho por menos de um ponto percentual de vantagem. O tribunal eleitoral tem até 31 de Agosto para se decidir sobre a recontagem, e até 6 de Setembro para proclamar um vencedor.