A diocese de Córdoba negou esta quarta-feira a possibilidade de se estabelecer uma oração partilhada entre católicos e muçulmanos na Catedral da cidade e a conversão desta Igreja num “templo inter-religioso”. O Bispo Juan José Asenjo afirma que “esta partilha não contribui para a convivência pacífica dos diferentes credos”. O Bispo Asenjo, da diocese de Córdoba, manifestou a sua posição num comunicado à Junta Islâmica de Espanha, que na passada terça-feira enviou uma carta ao Vaticano solicitando a utilização partilhada da Catedral, nome por que é conhecida esta obra de arquitectura, constituindo uma das jóias artísticas de Córdoba, no Sul de Espanha. Na carta que a Junta Islâmica enviou a Bento XVI, solicitam que os muçulmanos possam compartilhar com os cristãos as orações na Catedral para “despertar as consciências” de ambas as confissões religiosas e “enterrar confrontos passados”. D. Juan José Asenjo assegurou que a diocese “quer continuar a manter relações de respeito e apreço pelos muçulmanos que vivem connosco”, estando inclusivamente disposta a trabalhar “sinceramente pela mútua compreensão, favorecendo o diálogo inter-religioso mas mantendo a identidade de cada confissão religiosa”. E prosseguiu dizendo que “não ajudaria ao dito diálogo o uso partilhado de templos e lugares de culto, sendo antes gerador de confusão nos fiéis e dando azo à indiferença religiosa”. No comunicado, o bispo salienta que as raízes cristãs de Córdoba “merecem ser respeitadas” e que os católicos da cidade “querem viver em paz com os crentes de outros credos mas não desejam estar continuamente submetidos a pressões que não contribuem para a concórdia”. Recorda que a “actual catedral de Córdoba foi doada pelo rei Fernando III, o Santo (de Castela), à Igreja depois da conquista da cidade (aos muçulmanos) em 1236”. E acrescenta que não se opõe a que os muçulmanos que vivem na diocese de Córdoba tenham lugares de culto dignos, tal como o deseja também para os cristãos que vivem em países de maioria muçulmana. No início do mês de Dezembro correram rumores que o Presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) recomendava que os muçulmanos utilizassem a Catedral de Córdoba para as suas orações. O serviço de informação da CEE veio já desmentir tais afirmações, manifestando num comunicado que D. Ricardo Blázquez, Presidente da CEE “não recomendou nem recomenda que os muçulmanos rezem na Catedral de Córdoba”, acrescentando ainda que “a única autoridade na matéria é o responsável pelo local, ou seja, o Bispo de Córdoba, no caso D. Juan José Asenjo, que está em directa comunhão com a autoridade da Santa Sé”.