Perseguida e morta pelo regime nazi, a religiosa de origem judia subsiste 70 anos depois como um exemplo de coragem, verdade e bondade
Lisboa, 09 ago 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica celebra hoje a festa litúrgica de Santa Teresa Benedita da Cruz, uma das padroeiras da Europa, que perdeu a vida em 1942 nas câmaras de gás do campo de concentração de Auschwitz.
Nascida em Vrastilávia, na Polónia, em 1891, a filósofa e teóloga de origem judia, chamada Edith Stein, foi muitas vezes recordada por Bento XVI como alguém que, “por não se submeter ao poder do mal, agora brilha diante dos povos como uma luz na noite escura”, refere hoje a Rádio Vaticano.
Filha de pais alemães, que a procuraram educar na religião hebraica, a santa desaparecida há precisamente 70 anos começou por tornar-se praticamente ateia, conservando no entanto um conjunto de elevados valores éticos e uma conduta moralmente irrepreensível.
De maneira brilhante, obteve o doutoramento em filosofia e tornou-se assistente universitária do seu mestre, Edmund Husserl, fundador da fenomenologia.
Incansável e perspicaz investigadora da verdade, através do estudo e da frequência dos fermentos cristãos e, por fim, através da leitura da autobiografia de Santa Teresa de Ávila, encontrou Jesus Cristo que resplandecia no mistério da cruz e, com jubilosa resolução, aderiu ao Evangelho.
Em 1922, recebeu o Batismo na Igreja católica com o nome de Teresa e a sua vida mudou de forma radical.
A jovem dedicou anos sucessivos a aprofundar a doutrina cristã, através da formação, do apostolado, da publicação de estudos científicos e de uma vida interior intensamente nutrida pela palavra de Deus e pela oração.
Em 1933, concretizou o desejo de se consagrar a Deus e entrou na Congregação das Carmelitas Descalças, tomando os votos de pobreza, obediência e castidade e adotando o nome de Teresa Benedita da Cruz.
Desta maneira, a jovem reforçou a sua dedicação a Jesus crucificado e a sua especial devoção a Santa Teresa de Ávila.
Quando o nacional-socialismo alemão começou a exprimir mais fortemente a sua perseguição aos judeus, os superiores de Santa Teresa enviaram-na, por precaução, para o Carmelo de Echt, na Holanda.
No entanto, impelida pela compaixão para com os seus irmãos judeus, ela não hesitou em oferecer-se a Deus como vítima, para suplicar a paz e a salvação para o seu povo, para a Igreja e para o mundo.
A 2 de agosto de 1942, Edith Stein foi presa e internada no campo de concentração de Auschwitz, na Polónia, e juntamente com a irmã foi morta na câmara de gás no dia 9 de agosto de 1942.
“Como cristã e judia, ela aceitou a morte com o seu povo e para o seu povo, que era visto como o lixo da nação alemã”, referiu Bento XVI em 2006, durante uma visita histórica ao complexo de Auschwitz, em 2006.
O Papa aproveitou a ocasião para “agradecer e saudar” o exemplo de Santa Teresa Benedita da Cruz e de muitas outras pessoas martirizadas durante a Segunda Guerra Mundial e que hoje subsistem como “testemunhas da verdade e da bondade”.
Edith Stein foi canonizada pelo Papa João Paulo II em 1998 e eleita padroeira da Europa, juntamente com Santa Brígida e Santa Catarina de Sena.
RV/JCP