Igreja recorda quem morre por causa da sua fé

Atenção aos «mártires» contemporâneos tem sido constante no pontificado de Francisco

Lisboa, 26 dez 2013 (Ecclesia) – A Igreja Católica celebra hoje a festa de Santo Estêvão, diácono e primeiro mártir, com a qual evoca quem morre por causa da sua fé, logo no dia seguinte à solene liturgia do Natal.

A atenção aos “mártires” contemporâneos tem sido constante no pontificado de Francisco, que na sua primeira exortação apostólica alertava para os “verdadeiros ataques” à liberdade religiosa no mundo de hoje, que se traduzem em “novas situações de perseguição aos cristãos”.

Francisco destaca que essas perseguições atingiram nalguns países “níveis alarmantes de ódio e violência”.

“Noutros países, a resistência violenta ao cristianismo obriga os cristãos a viverem a sua fé às escondidas no país que amam”, refere, na ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho, em português).

Face a este cenário, o Papa apresenta o diálogo inter-religioso como “condição necessária para a paz no mundo”, dirigindo apelos aos países de tradição islâmica para que garantam liberdade a para os cristãos.

Já em abril, um mês após ser eleito, Francisco recorda os “mártires” da Igreja Católica que são vítimas do “ódio” e das “calúnias”, perseguidos e mesmo mortos por causa da sua fé.

“A Igreja tem tantos homens e mulheres que são caluniados, que são mortos por ódio a Jesus, por ódio à fé”, disse, na capela da Casa de Santa Marta.

Segundo o Papa, hoje em dia “há muitos cristãos que sofrem perseguições, muitos, muitos, em muitos países”.

Francisco falou mesmo numa “Igreja de mártires” do século XXI e no final do Ano da Fé, a 24 de novembro, deixou uma oração pelos “muitos” cristãos perseguidos no mundo.

“Invoquemos a proteção de Maria, especialmente para os nossos irmãos e irmãs que são perseguidos por causa da sua fé. São muitos”, disse, antes da oração do ângelus, na Praça de São Pedro.

Em maio, na homilia da primeira celebração de canonizações do atual pontificado, o Papa evocou o testemunho do italiano Antonio Primaldo, canonizado juntamente com cerca de 800 companheiros leigos, todos decapitados porque “não quiseram renegar a sua própria fé” a 13 de agosto de 1480, na cidade de Otranto, durante uma invasão levada a cabo por tropas turcas.

A fundação pontifícia ‘Ajuda à Igreja que Sofre’ (AIS) publicou este ano o relatório ‘Perseguidos e Esquecidos?’, sobre os cristãos “oprimidos por causa da sua fé”.

O estudo revela que os cristãos se transformaram em “vítimas de prolongados e intensos atos de violência, motivados, em parte, pelo ódio religioso”.

No período em análise – de 2011 a 2013 -, as fontes “tanto diretas como indiretas sugerem que a violência e a intimidação são agora mais sérias e graves que nos anos anteriores”.

“A opressão leva à questão da sobrevivência a longo prazo do Cristianismo em regiões onde, até há pouco tempo, a Igreja tinha numerosos fiéis e desempenhava um papel ativo na vida pública”, alerta a AIS.

Em outubro de 2010, um relatório publicado pela Comissão das Conferências da Comunidade Europeia (COMECE) concluiu que pelo menos 75% das perseguições religiosas do mundo são contra os cristãos e que cerca de 100 milhões de batizados foram vítimas de alguma forma de discriminação, opressão ou perseguição.

OC

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