Igreja: Rainha Santa Isabel é uma figura que se impõe num tempo de «graves conflitos mundiais» – António Rebelo

Professor universitário e antigo presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel evoca padroeira da cidade de Coimbra, no âmbito dos 400 anos da sua canonização 

Coimbra, 25 mai 2025 (Ecclesia) – António Rebelo, professor da Faculdade de Letras, da Universidade de Coimbra, afirmou que a Rainha Santa Isabel, cujos 400 anos de canonização se assinalam hoje, é uma figura que “se impõe neste tempo de graves conflitos mundiais”.

“Urge invocá-la justamente como propunha a própria Igreja, como Mãe da Paz e da Pátria. Ela que, ao longo da sua vida, semeou reconciliação, pacificou reis e reinos”, referiu à Agência ECCLESIA.

O antigo presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel lembra que a padroeira da cidade de Coimbra “foi uma construtora de paz, uma Mãe da Paz”, em conflitos que se desenrolaram nos planos nacional e peninsular.

O entrevistado realça também a imagem de “Mãe da Pátria” associada a Santa Isabel, justificando que foi uma figura maternal “para todos, indistintamente ricos e pobres”, para os quais irradiou esperança.

Ela tornou-se, de facto, um grande sinal de esperança para crianças, órfãos, doentes, idosos. Estendeu a mão com uma ternura singular, profundamente inspirada pelo espírito franciscano, que desde cedo abraçou”, recorda.

O professor considera que a Rainha Santa Isabel encarnou a “tal revolução da ternura de que falava o Papa Francisco”, porque foi, “de facto, uma mulher de uma caridade sem limites”.

Ainda hoje, António Rebelo evidencia que há “instituições que fazem repercutir” o espírito de “Santa Isabel no mundo”, nomeadamente a Casa de Formação Cristã da Rainha Santa, localizada em Coimbra.

O docente universitário defende que a caridade de Santa Isabel deve ser um desejo a perseguir pela Igreja, no entanto refere que por muito “boa vontade” e por “muito voluntariado” que haja nas instituições, não é possível “acudir a tudo”.

“Tem que haver uma grande participação de facto da sociedade civil e sobretudo do Estado. Porque há instituições, que eu conheço, infelizmente algumas, que estão numa situação económica muito precária, têm estado a vender o seu próprio património para poder continuar a acudir aos mais carenciados”, referiu.

O professor acredita que o pontificado de Leão XIV vai ficar marcado pelo cuidado com os mais frágeis, a quem tanto a Rainha Santa Isabel dedicou a vida: “Este Papa vai dar muita atenção a este aspeto da Doutrina Social da Igreja e à evolução social, histórica, política e transformacional que nós estamos a viver nesta fase da implementação das novas tecnologias e de desafios tecnológicos que se abrem com a inteligência artificial”.

LJ/PR

O Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra e o Centro Académico da Democracia Cristã realizaram na passada terça e quartas-feiras um colóquio internacional a propósito dos 400 anos da canonização da Rainha Santa Isabel, do qual António Rebelo fez parte da comissão organizadora.

Entre os momentos da iniciativa esteve a apresentação da obra “Livro que fala da boa vida que fez a Rainha de Portugal Dona Isabel, de seus bons feitos & milagres em sa vida & depois da morte”, da qual o professor foi coautor, que aconteceu no dia 20 de maio.

“É a versão mais antiga conhecida da biografia da Rainha Santa Isabel, na tradição escrita dos códices sobreviventes. Portanto, é uma cópia direta e é, digamos, um livro que continua a ser referência para todos os estudos sobre a biografia, a vida da Rainha Santa. Qualquer estudo que incida sobre a vida da Rainha Santa parte sempre deste texto”, explica.

Coimbra acolhe as Festas da Rainha Santa Isabel em julho, que vão contar com as célebres procissões, que habitualmente saem à rua apenas nos anos pares: “Este ano era um ano ímpar, mas não se podia passar ao lado das grandiosas festas”.

Isabel de Portugal foi canonizada a 25 de maio de 1625, no pontificado de Urbano VIII, assinalando-se este ano 400 anos desta data; a Rainha Santa Isabel (1271-1336) – cuja figura está associada a lenda da transformação do pão em rosas – foi mulher de D. Dinis, rei de Portugal; viu Coimbra pela primeira vez em 1282, o seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

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