Igreja quer recuperar lugar na gestão dos «tempos livres»

Conquistar um espaço que a Igreja já teve na fruição do tempo livre foi o mote para as II Jornadas da Pastoral da Cultura, promovidas pela Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. O Pe. Tolentino Mendonça, director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), lembra que durante séculos “os tempos livres eram geridos pela Igreja” e não havia uma separação entre “o interior do templo e o adro”. “Hoje, de certa forma, a indústria do entretenimento tornou-se a principal indústria, é uma das forças económicas mais poderosas. É claro que aí a Igreja perde muito do protagonismo que durante muitos séculos exerceu”, refere ao programa ECCLESIA. Segundo este responsável, é preciso entender a “nova realidade” e estar disponível para que “pessoas com outros pontos de vista, que estão no mundo da cultura, nos ajudem a fazer uma interpretação desta realidade, onde todos estamos incluídos”. Tendo como ponto de partida o tema “Do tempo livre à libertação do tempo”, cerca de 40 pessoas reflectiram “o impacto da realidade tecnológica na construção do tempo humano”, como disse à Agência ECCLESIA o Pe. Tolentino Mendonça, salientando que “não se trata apenas de trabalhar com novas ferramentas ou novos instrumentos”, mas que “os meios também impõem novas atitudes, possibilitam um novo enquadramento da pessoa humana no tempo”. Segundo o Pe. Tolentino Mendonça, com estas Jornadas da Pastoral da Cultura pretendeu-se “uma reunião daqueles que, no terreno, tem um papel e uma atenção a esta realidade da cultura, como novo campo da pastoral da Igreja”, procurando “articular através de linhas de acção conjunta, esta realidade da Igreja em Portugal”. D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, assinala que estas Jornadas se inscreveram numa intenção de fundo, que é “estar atentos às realidades de fundo socio-culturais”, procurando consolidar a rede da pastoral da cultura. “Damo-nos conta que, felizmente, já há muita gente interessada e preocupada nesta área, mas é preciso reunir não só na formação comum, mas também na partilha de actividades”, completou. As Jornadas ficaram marcadas pelo anúncio do nome de Luís Archer, padre jesuíta e cientista, como vencedor do Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes, promovido pelo SNPC. D. Manuel Clemente referiu ao programa ECCLESIA que esta homenagem distingue “uma das figuras cristãs mais interessantes no mundo da ciência”. Contactado pela Agência ECCLESIA, o Pe. Luís Archer manifestou a sua satisfação pela atribuição deste prémio: “não me julgo merecedor deste prémio mas fico muito grato e reconhecido àqueles que mo atribuíram”.

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