Igreja quer que países ricos detenham causas da imigração nas nações pobres

Mobilidade é um fenómeno que continua a crescer

“Não é possível acolher todas as pessoas que pretendem imigrar, porque os países de acolhimento entrariam em ruptura”, considera o director da Obra Católica Portuguesa de Migrações, Fr. Sales Diniz, que participa no 6.º Congresso Mundial da Pastoral para os Migrantes e Refugiados, que termina esta Quinta-feira, no Vaticano.

“Apesar de a pessoa humana ter direito a procurar alternativas de vida noutros Estados, estes também têm o poder de controlar as entradas”, observa o religioso franciscano.

“A grande obrigação moral dos países mais ricos é deter as causas que levam as pessoas a imigrar”, defende o responsável.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o Fr. Sales Diniz defende que nos países mais pobres deve ser criada uma conjuntura que permita aos seus habitantes poderem fixar-se e “ter uma vida com esperança”, eliminando igualmente as causas da injustiça.

Portugal é um dos países mais bem organizados no acolhimento

“A mobilidade é um fenómeno que continua a crescer, e as estruturas da Igreja têm que estar cientes desta realidade”, considera o director da Obra das Migrações.

A partilha de experiências com os responsáveis pela pastoral dos migrantes noutros países permite ao Fr. Sales constatar que “a nível da Igreja e a nível político, Portugal é um dos Estados que está melhor” no acolhimento a quem chega do exterior.

“Ainda temos muito trabalho a fazer, mas somos um dos países que está mais bem organizado, inclusivamente a nível da pastoral das migrações, quer no apoio aos estrangeiros que chegam a Portugal, como no acompanhamento das comunidades lusas na diáspora”, acrescenta.

“Para perceber o que é o sofrimento de um imigrante que chega ao nosso país e tem que defrontar-se com a burocracia, a procura de emprego, o desconhecimento da língua e o conflito de culturas”, o Fr. Francisco Sales aconselha a peça de teatro «Vento Leste». O espectáculo é baseado na vida de Natasha Marjanovic, imigrante nascida na antiga Jugoslávia (actual Bósnia), que veio viver para Portugal em 1999.

Igreja reflecte sobre vários aspectos das migrações

“Uma resposta pastoral ao fenómeno migratório na era da globalização” é o tema do Congresso, que começou no dia 9 deste mês.

Os trabalhos foram abertos pelo responsável máximo do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, D. Antonio Maria Vegliò, tendo-se seguido a intervenção do presidente do Senado italiano, Renato Giuseppe.

Os cerca de 300 participantes foram depois recebidos por Bento XVI, que convidou “os católicos a abrirem-se aos imigrantes, tendo em conta que não são um problema, mas um recurso que precisa de ser valorizado oportunamente”.

A tarde foi marcada por uma conferência sobre globalização e migração, que se centrou nas deslocações internas no continente africano, Vietname e Brasil.

O programa do segundo dia começou com uma conferência sobre adolescentes e jovens emigrantes e refugiados, que antecedeu a mesa redonda dedicada às Igrejas de origem e de acolhimento dos refugiados.

Durante a tarde, a assembleia assistiu a um colóquio sobre a integração dos estrangeiros, à luz do diálogo ecuménico e inter-religioso. O encontro contou com a intervenção de representantes de várias comunidades cristãs.

A situação dos imigrantes classificados de “irregulares”, a cooperação entre instituições eclesiais e civis, e os cuidados pastorais aos refugiados nas cadeias e campos de detenção, foram alguns dos assuntos abordados na  Quarta-feira.

No último dia do Congresso será apresentado do documento final.

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