Igreja quer prevenir emigração precária

Responsável pelo setor afirma que é preciso «apostar mais na informação» e aproveitar rede católica no terreno

Lisboa, 09 mar 2012 (Ecclesia) – A Obra Católica Portuguesa das Migrações vai unir esforços com o Governo para prevenir a emigração precária e responder às dificuldades que atingem milhares de pessoas que saíram do país em busca de um futuro melhor.

Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, o diretor da OCPM, frei Francisco Sales, sublinha que “muita gente foi para fora iludida, ficou sem nada e não tem sequer a possibilidade de regressar a Portugal”.

Outras “lançaram-se à aventura sem dinheiro, sem terem contrato de trabalho ou pelo menos uma relação familiar no sítio para onde foram e sem saberem falar a língua local”, aponta aquele responsável, para quem é preciso “apostar mais na informação”.

De acordo com frei Sales, a Igreja Católica quer participar ativamente neste processo, uma vez que “tem a maior rede de divulgação, que são as paróquias”.

“Uma das missões que a Igreja tem é a transmissão da palavra e é preciso que os párocos adiram a esta realidade”, desafia.

No entender da OCPM, uma das situações que está a contribuir decisivamente para o “drama” dos emigrantes portugueses é “a atuação de algumas agências de emprego temporário, muitas delas autênticas máfias controladas por portugueses que exploram os seus conterrâneos”.

“É necessário criar legislação que criminalize e puna estas redes, para cortar o mal pela raiz”, advoga o diretor do organismo católico.

A parceria entre a Obra Católica e o Governo português vai estender-se também à área do apoio social aos emigrantes, especialmente em países como a Alemanha, França, Inglaterra, Holanda, Luxemburgo e Suíça, onde a situação de precariedade é mais visível.

Os consulados portugueses poderão funcionar como um meio essencial de conhecimento dos problemas, desde que deixem de ser “meros centros burocráticos”, sustenta o frei Francisco Sales.

No entanto, o objetivo primordial passa por envolver também as missões católicas, as coletividades ou associações de emigrantes e todas as instituições sociais que trabalham no terreno numa “plataforma de apoio” que permita, pelo menos, “repatriar aqueles que precisam”.

Como as missões “não têm estrutura preparada de acolhimento”, esta rede será essencial no desenvolvimento de outras respostas, como a “criação de refeitórios sociais e espaços para dormir”.

Nos dias 18 e 19 de abril, a OCPM vai participar numa reunião em Lisboa com coordenadores de missões católicas, responsáveis de Cáritas nacionais e representantes da Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia para “abrir horizontes e tentar dar meios” para consolidar estes projetos.

Para novembro está previsto outro encontro, também na capital portuguesa, com promotores sociais que trabalham diretamente com as comunidades de emigração.

Entre os “problemas que começam a surgir”, Frei Francisco Sales chama também a atenção para “os países com emigração mais antiga, onde há muitos portugueses que começam a entrar na terceira idade e não encontram respostas”.

JCP

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