Novo livro do secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, padre Duarte da Cunha
Lisboa, 09 abr 2015 (Ecclesia) – O secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), padre Duarte da Cunha, apresenta hoje em Lisboa a sua nova obra, «Só o amor gera vida – Pessoa, Família e Sociedade».
“Eu parto da perspetiva de João Paulo II: para percebermos bem o amor precisamos de perceber a pessoa humana na sua totalidade, que tanto abraça a razão e a liberdade, como os sentimentos e o seu corpo”, revela o sacerdote português.
À Agência ECCLESIA, o autor explica que um amor que é “simplesmente sentimento”, que não seja “decisão e capaz de sacrifício”, também não é amor verdadeiro, uma vez que não gera movimento para o outro e acolhimento.
“Amor tem de ser reciprocidade que implica acolhimento do outro como ele é, mas ao mesmo tempo, ajudá-lo a ser mais e deixar-se ajudar pelo outro”, desenvolve.
O secretário-geral do CCEE adianta que as duas dimensões do amor são “dom e comunhão”, por isso, o amor verdadeiro, que foi “revelado por Jesus Cristo”, é capaz de “renovar a pessoa, regenerar uma família e uma sociedade”.
O livro «Só o amor gera vida – Pessoa, Família e Sociedade» vai ser apresentado hoje por Maria João e Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, e conta com a presença de D. Nuno Brás, bispo-auxiliar de Lisboa, a partir das 21h00, no Colégio São Tomás de Aquino, em Lisboa.
A publicação tem a chancela da Paulus Editora, que destaca a abordagem de “quatro temas essenciais: a pessoa humana, a teologia do corpo, família e educação, e as questões sociais”.
Uma curiosidade é o facto de o prefácio da nova obra ter sido escrito por sete casais que o sacerdote português acompanha há 20 anos: “É um grupo de amigos, famílias com filhos, humanamente muito vivo e muito belo”.
O padre Duarte da Cunha, que esteve durante dez anos ligado à pastoral familiar, destaca a reciprocidade de “ajuda e entreajuda” que “tenta espelhar” e considera que os casais são um “desafio” para os sacerdotes.
“Não só pelo testemunho de amor que dão mas também por aquilo que querem e pedem aos padres para que sejam verdadeiramente padres”, acrescentou.
Este livro é publicado entre as duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família, e neste contexto o sacerdote português comenta que a família esta em “crise de identidade”, na sociedade “individualizada, dos projetos pessoais”, e em “crise de consistência”.
Segundo o entrevistado, a Igreja “insiste” que a verdadeira célula que “cria coesão e a pessoa” é o facto de se viverem “redes de relações de amor” – pais e filhos, irmãos, avós e netos.
“Se a sociedade for baseada nesta células de amor, de certeza que pode ganhar imenso com isso. Não são soluções sociológicas ou economicistas que vão resolver aquilo que é uma certa autonomização das pessoas”, alerta o padre Duarte da Cunha.
Pelas funções que ocupa de secretário-geral do CCEE tem a perceção que o Velho Continente “não está por evangelizar”, com realidades que são o fermento onde o amor é “vivido intensamente”.
“Famílias que se interajuda, não sofrem menos crises, não têm menos problemas, mas têm outros recursos que é a rede dentro da família e das famílias”, conclui o sacerdote.
HM/CB