Padre Fernando Calado Rodrigues, assistente espiritual e religioso do Estabelecimento Prisional de Bragança, acompanha o grupo e fala em “conversão todos os dias”
Bragança-Miranda, 26 mar 2022 (Ecclesia) – O padre Fernando Calado Rodrigues, assistente espiritual e religioso do Estabelecimento Prisional de Bragança, contou à Agência ECCLESIA que o “grupo de libertos acompanha e ajuda quem sai da prisão” mas sonha com um “espaço de acolhimento”.
“Há muitos deles que saem, perderam a família, o emprego e não têm qualquer apoio cá fora e este grupo promove esta integração mas o grande sonho é criar um espaço com sete a nove quartos em que possamos receber quem não tem para onde ir numa primeira fase”, explica o sacerdote da diocese de Bragança-Miranda.
O assistente espiritual e religioso do Estabelecimento Prisional de Bragança faz visitas semanais e celebra eucaristia com os reclusos e foi “detetando algumas necessidades”.
O grupo de libertos, que se “reúne mensalmente”, são pessoas que passaram pelo estabelecimento prisional e alcançaram a sua liberdade, o sacerdote designa-os por “libertos”.
Gosto de os chamar de libertos porque ex-reclusos é colocar-lhes um rótulo; quando estive no hospital e tenho alta ninguém me trata por ex-doente”.
As reuniões mensais servem para convocar aqueles que foram saindo da prisão e que os libertos vão tendo conhecimento que precisam de ajuda.
“Sabemos dessa informação de forma informal, do que precisam, vamos falando dessas questões e delineando medidas do que fazer, onde encontrar emprego dos que ainda não estão integrados”, descreve.
Do grupo pertencem “libertos alguns já integrados na sua profissão, estáveis ao nível familiar, de diversos estratos sociais, com diversas formações académicas e outros com mais dificuldades a lutar para serem reintegrados e outros ainda muito necessitados”, indica.
O padre Fernando Calado Rodrigues, de 53 anos, recorda as muitas visitas que faz Estabelecimento Prisional de Bragança, “agora limitadas ainda pela pandemia” e considera que tem sido uma “conversão na sua vida”.
“Quando procuro conhecer a história, a família de onde vem, o ambiente de onde vem, eu interrogo-me: se tivesse nascido naquele contexto se seria ou não como um deles.. E isso leva-me a repensar a minha relação com os reclusos, é uma caminhada que fiz aos longos dos anos, para mim uma conversão todos os dias”, refere.
O mote “Voltar à Vida”, onde esta entrevista se enquadra, é a base do programa de rádio ECCLESIA, deste sábado, na Antena 1 da rádio pública, pelas 06h00, ficando disponível depois online.
SN