Igreja preparada para intervir na crise instalada na escola

O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, defendeu que a «Igreja, por si e pelos católicos, tem algo a dizer » no que se refere ao actual clima de crispação e da crise que se apoderou do sistema de ensino. E sustenta que, tal intervenção «não destrói a laicidade da escola», indicando que a Igreja em Portugal tem «experiência adquirida», concretamente no que colocar «o formando no centro» de todo o sistema. O prelado, que falava na homilia da missa que presidiu, na igreja Matriz de Vila do Conde, no âmbito do Ano Jubilar das Irmãs Doroteias, não escondeu que «são muitos os problemas que afectam a escola » e que estes «não se limitam a questões de avaliação ou programação». Para D. Jorge Ortiga «urge entrar no núcleo estruturante» onde «só um diálogo e encontro de ideias pode responder». Desde Sábado passado que as Irmãs Doroteias se encontram a comemorar o seu Ano Jubilar para agradecer os 200 anos do nascimento e baptismo de Santa Paula Frassinetti, os 175 anos da Fundação da Congregação das Irmãs Doroteias e os 25 anos da canonização da sua fundadora, a 11 de Março de 1984, pelo Papa João Paulo II. Em Portugal, a abertura deste Ano Jubilar foi assinalada, ontem, nas 15 dioceses onde as Doroteias estão presentes, sendo que se vai prolongar até 12 de Agosto de 2009, dia em que será encerrado. Tal como fez S. João Bosco, D. Jorge Ortiga indicou a figura de Santa Paula Frassinetti como «um verdadeiro girassol que se voltou sempre para Deus, seu sol, seguindo um caminho que respondeu à necessidade de ensinar e educar os mais pobres». O Arcebispo Primaz sustentou que, nos dias de hoje, «parece impor-se uma cegueira colectiva que impede uma visão perfeita do mundo». Esta cegueira é tanto maior, segundo o prelado, quanto mais se perdem «as referências», os valores e se vive «à deriva». Crítico, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) referiu que «a educação mal entendida ou deficiente» é causa de malestar. «Promete-se como prioridade e ninguém ignora que o futuro de Portugal passa pela qualidade da educação», frisou o prelado. No entanto, avançou D. Jorge Ortiga, «esta é uma tarefa de todos» e que «só um pensamento colectivo, envolvendo todas as sensibilidades pode descortinar os caminhos a percorrer». Defendendo uma «educação para a qualidade» em que todos são chamados a dar um «contributo positivo», o Arcebispo de Braga sustenta que a educação, «como tarefa prioritária exige muita ponderação e capacidade de escutar, envolvendo todos e todas as dimensões». Por isso, o prelado sustenta que «os católicos não podem demitir-se ou assistir passivamente» perante as realidades actuais e que não se podem «envergonhar de propor um conceito de educação integral».

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