Congresso e criação de observatório entre os projectos mais imediatos neste campo de acção pastoral A Igreja Católica em Portugal está a preparar, através da sua Comissão Episcopal para a Pastoral Social, um estudo sobre as instituições de acção social a ela ligada. O estudo foi pedido à Universidade Católica Portuguesa. As conclusões preliminares deste estudo serão apresentadas no I Congresso da Pastoral Social, agendado para os dias 9, 10 e 11 de Setembro de 2008, sobre o tema “Intervenção Social: memória e projecto”. Este encontro é o reconhecimento de 24 anos do percurso que a Pastoral Social tem desenvolvido, explica o Pe. José Manuel Pereira de Almeida, Director do Secretariado Nacional da Pastoral Social à Agência ECCLESIA. O Congresso quer fazer memória das respostas que a pastoral social foi dando nesta área mas também projectar essas mesmas respostas, num país que “já não é o mesmo de há 25 anos ou mesmo de há dois anos”. Quanto à investigação da UCP, esta quer “cruzar dados”, explica o Pe. José Pereira de Almeida evidenciando “uma melhor caracterização em termos qualitativos e quantitativos”. Actualmente o Estado assume tarefas que outrora pertenceram à Igreja. “As mudanças existem”, indica o Director do SNPS. “Há que olhar o panorama com tranquilidade, pois há muito campo onde a Igreja pode exercer a sua vocação, campos onde mais ninguém quer trabalhar”, assegura. Entre a subsidariedade do Estado e a vocação social da Igreja há campos comuns. O Director do SNPS indica que “há que dialogar” pois este trabalho não é uma “luta”. “A Igreja está a reagir. Se acordou agora, ainda bem que o fez”, explica. Tanto o I Congresso como o estudo da UCP são oportunidades para “conhecer, ser reconhecido e mudar”, aponta o Pe. José Pereira de Almeida. O argumento será válido, “mas vazio se se limitar apenas a ser argumento”, pois “o enriquecimento será para todos”. Ponto da situação Uma equipa pluridisciplinar, constituída há cerca três meses, tenta compreender qual a situação actual da acção social da Igreja. O campo de trabalho é enorme. Diversas valências, diferentes instituições que estão empenhadas em contribuir, seja em colaboração com o Estado ou por iniciativa particular, na solução de problemas relacionados com o bem estar das populações. O estudo vai incidir sobre “tudo o que representa a acção social da Igreja”, explica Mário Lages, Professor da UCP e responsável pelo estudo, à Agência ECCLESIA. Compreendem-se neste quadro centros sociais paroquiais, Caritas diocesanas, actividades dos grupos paroquiais, “incluindo muitos que não estão institucionalizados, ou mesmo grupos de voluntariado”, adianta o professor. O estudo quer apresentar um retrato da situação, que respostas existem, como funciona, quais são os problemas que as instituições ou grupos apresentam, seja de ordem financeira ou humana. O objectivo é apostar num projecto de alteração, continuidade ou melhoria, e estabelecer um Observatório que faça a monitorização constante dessas mesmas instituições e das suas alterações ao longo do tempo. Dada a sua amplitude, decorre neste momento, a fase de inventariação. Deverá ser constituído um grupo interdiocesano, com o objectivo de fazer um “exaustivo levantamento de tudo o que existe em cada diocese”. Mário Lages admite ser um trabalho “muito complexo”. O professor indica a necessidade de envolver todas as dioceses no processo. O estudo não será apenas de “levantamento, mas quer repensar a actividade da Igreja”. A mais-valia imediata desta investigação relaciona-se com o projecto pastoral que a Igreja quer desenvolver. “Não há projecto que possa ser iniciado sem conhecimento da realidade”, afirma o professor da UCP. Este poderá ser um estudo “de profetismo social”, avança o responsável. O conhecimento da realidade permite perceber o que “pode a Igreja fazer ainda, que o Estado não desenvolve, e vice versa”, evidencia. O posicionamento da Igreja dentro da área da acção social é “uma necessidade interna de contínua análise”, em função das instituições que existem e da relação de subsidariedade entre o Estado e a Igreja. A acção social da Igreja “é uma vocação e é neste sentido que esta acção se desenvolve”, sublinha Mário Lages. À medida que a equipa de trabalho for recolhendo dados intermédios, estes serão devolvidos para as instituições responsáveis “em termos de propostas e de sugestões”, de forma a “criar uma dinâmica” e fazer do estudo “uma investigação – acção”, explica o professor. O Observatório vai dar continuidade ao trabalho, sendo plataforma comum à acção social. Havendo dados para “uma monitorização e auto avaliação”, Mário Lages indica que o Observatório “entrará em funcionamento”, mas não avança datas.