D. François-Xavier Nguyên Van Thuân foi presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, da Santa Sé, entre 1998 e 2002
Lisboa, 06 set 2016 (Ecclesia) – A antiga secretária do cardeal Van Thuân, a chilena Luisa Melo, incentivou os portugueses à oração pela beatificação do prelado vietnamita, que esteve preso durante 13 anos, na apresentação da sua biografia, esta segunda-feira, em Lisboa.
“Temos de rezar todos os dias para que Deus, através da intercessão do cardeal, faça acontecer um milagre, pois com um milagre ele será proclamado beato”, explicou Luisa Melo, em declarações enviadas hoje à Agência ECCLESIA, destacando nas suas memórias a figura deste cardeal “profundamente devoto da Virgem Maria”.
O apelo da antiga secretária do cardeal vietnamita aconteceu na apresentação da biografia ‘François-Xavier Nguyên Van Thuân – Homem de esperança, caridade e alegria’, esta segunda-feira na igreja do Santíssimo Sacramento, em Lisboa, numa iniciativa da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que edita a obra.
Na apresentação, o presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz observou que “no calvário” do cardeal podem “reconhecer-se os cristãos” que hoje “sofrem perseguições por causa da sua fé e que vivem alguma forma de martírio”.
O cardeal Van Thuân viveu 13 anos nas cadeias do regime comunista e o juiz Pedro Vaz Patto considerou que a sua prisão, “por causa da sua fé e da sua missão de pastor”, faz dele “mais um exemplo” de como um sistema político que “nega Deus e combate a religião” nega a dignidade da pessoa humana e os seus direitos fundamentais.
O juiz do Tribunal Eclesiástico da Diocese de Lisboa, acrescentou que, atualmente, no Vietname a Igreja Católica “é florescente, com abundantes vocações consagradas, talvez como em nenhum outro país do mundo”, apesar das campanhas de perseguição aos crentes e das “limitações da liberdade religiosa que ainda persistem”.
Neste contexto, para o presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz a vida do cardeal Van Thuân “é um exemplo” que deve iluminar os cristãos como “critério de orientação de quem se empenha na construção da justiça e da paz”.
Pedro Vaz Patto observou ainda que o prelado vietnamita “tornou-se no mais perigoso dos prisioneiros” porque ao logo dos 13 anos de prisão “transformava e convertia os guardas”.
A publicação ‘François-Xavier Nguyên Van Thuân – Homem de esperança, caridade e alegria’ foi escrita pela antiga secretária do cardeal em Roma, a chilena Luisa Melo, que é a atual responsável pela dinamização do processo de beatificação, e por Waldery Ilgeman, o postulador da causa.
D. François-Xavier Nguyên Van Thuân nasceu no Vietname em 1928 e foi ordenado sacerdote em 1953; Nomeado bispo da Diocese de Nha Trang, no centro do país, em 1967, foi arcebispo coadjutor de Saigão desde 1975, tendo sido perseguido pelo governo comunista e priso até ao 1988.
Depois o cardeal vietnamita foi nomeado, pelo Papa São João Paulo II, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz entre 1998 e 2002, e faleceu a 16 de setembro de 2002, em Roma.
CB