Presidente da CEP considera que o «pior era não fazer nada», após publicação de relatório da Comissão Independente
Fátima, 16 fev 2023 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje que os dados do relatório da Comissão Independente (CI) para o estudo de abusos sexuais contra crianças deve motivar uma resposta conjunta da Igreja.
“Temos de lutar todos, contra os abusos”, declarou D. José Ornelas, falando aos jornalistas à margem do 44.º Encontro de Hoteleiros e responsáveis de Casas Religiosas, no Santuário de Fátima.
O responsável católico assumiu como preocupação “erradicar este problema, não só na Igreja, mas neste país e no mundo”.
“O efeito que nós queremos é resolver o problema dos abusos. Se depois isso traz ou dissuade alguém, isso pode acontecer. O pior era não fazer nada”, apontou.
Questionado sobre os impactos do relatório da CI, divulgado na último segunda-feira, o presidente da CEP sustentou que o importante é o “percurso a fazer”.
“Preocupa-me é que as coisas sejam tratadas como devem ser tratadas”, acrescentou, ao ser questionado sobre um possível impacto deste relatório na próxima JMJ, que Lisboa recebe em agosto deste ano.
A CI validou um total 512 testemunhos de abuso sexual na Igreja Católica nas últimas décadas, com um “pico” entre as décadas de 60 e 90 do século passado.
A Conferência Episcopal Portuguesa vai reunir-se a 3 de março, em Assembleia Plenária extraordinária, para debater os dados do relatório e decidir sobre medidas concretas a tomar.
“Vamos reunir-nos para ver, à luz dos novos conhecimentos e deste estudo que foi feito, e também das indicações, conselhos e propostas que fizeram, para ver em que é que nós podemos melhorar o nosso serviço, a nossa atenção, compreensão deste fenómeno, para evitá-lo o mais possível”, adiantou D. José Ornelas.
Interrogado sobre o facto de ainda não se saber a data concreta em que Francisco virá a Fátima, no âmbito da JMJ de Lisboa, o bispo de Leiria-Fátima justificou o facto com o normal agendamento das visitas pontifícias, assegurando, uma vez mais, a intenção que o Papa lhe transmitiu, pessoalmente, em “vir a Fátima rezar, como peregrino”, aquando da sua visita a Portugal.
No final do encontro com os hoteleiros, D. José Ornelas disse que a JMJ 2023, que Portugal recebe pela primeira vez, “não pode ser uma ocasião simplesmente para multiplicarmos receitas”.
O bispo de Leiria-Fátima pediu a atenção para uma prática que “crie um ambiente de desenvolvimento que possibilite um bom acolhimento dos peregrinos”, numa prática que não seja orientada apenas por uma “dimensão economicista”.
“Esta não pode ser uma ocasião simplesmente para multiplicarmos receitas, mas para dizermos que fazemos o possível e o impossível para que todos os que chegam possam ser acolhidos e compensados no esforço que fazem para aqui chegarem, tendo em conta, claro, o justo equilíbrio das instituições”, insistiu.
LFS/OC
Notícia atualizada às 09h50 de 17.02.2023
Proteção de Menores: «Não toleraremos abusos nem abusadores» – D. José Ornelas (c/vídeo)