Papa elogia testemunho «corajoso» de 522 mártires católicos da Guerra Civil Espanhola, entre eles o irmão Mário Félix
Lisboa, 13 out 2013 (Ecclesia) – O religioso português Mário Félix, da Congregação das Escolas Cristãs, foi hoje proclamado beato em Tarragona, Espanha, numa cerimónia conjunta para a beatificação de 522 mártires da Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
O Papa recordou o testemunho “corajoso” destes mártires, durante a oração do Angelus na Praça de São Pedro, perante a imagem de Nossa Senhora de Fátima venerada na Capelinha das Aparições.
Francisco pediu a intercessão dos novos beatos para “libertar o mundo de toda a violência”.
O Papa enviou ainda uma saudação aos participantes na cerimónia, em Tarragona, em mensagem vídeo, apelando à oração para que todos os batizados sejam “cristãos com obras e não de palavras”, firmes na fé e não “cristãos medíocres”, como “artífices da fraternidade e da solidariedade”.
Manuel José de Sousa nasceu em Santa Marta de Bouro, a 27 de dezembro de 1860, tendo sido fuzilado em Griñon, a 30 quilómetos de Madrid, a 28 de julho de 1936, após 48 anos de vida religiosa, na qual assumiu o nome de Mário Félix.
O arcebispo bracarense, D. Jorge Ortiga, participa na celebração e dirigiu uma mensagem à diocese, na qual sublinha que a beatificação do irmão Mário Félix, “é mais uma graça que não pode ser desconhecida ou desconsiderada”.
Em criança, o novo beato emigrou para o Brasil, onde trabalhou numa empresa de confeções do Rio de Janeiro pertencente a um tio, refere a sua biografia assinada pelo cónego Narciso Fernandes, publicada em 2003 e divulgada pela página da Arquidiocese de Braga na internet.
Durante a permanência na cidade estabeleceu contactos com cristãos protestantes, que lhe despertaram o interesse pela leitura da Bíblia, e mais tarde aproximou-se dos padres jesuítas, relação que o conduziu ao catolicismo.
De regresso a Portugal, fixou-se em Lisboa e a 14 de junho de 1888, aos 28 anos, entrou no Instituto de La Salle, tendo passado por várias casas da congregação até chegar à comunidade de Griñon.
Pelas 13h00 de 28 de julho de 1936 “centenas de revolucionários invadiram o convento onde restavam poucos religiosos (a maioria tinha saído de véspera) e os jovens noviços”, recorda a página da arquidiocese.
“Depois de destruírem os símbolos religiosos da instituição separaram os religiosos dos noviços, estes últimos poupados ao martírio. No exterior, os religiosos foram alinhados e foram executados”, lê-se.
O reconhecimento do martírio dos religiosos foi determinado a 19 de dezembro de 2011 pelo Papa emérito Bento XVI.
A ‘Beatificação do Ano da Fé’, como é apresentada pela Conferência Episcopal Espanhola evoca o martírio de mais de meio milhar de católicos e tem lugar em Tarragona, cidade onde morreram os primeiros mártires hispanos, em 259: os santos Frutuoso, Eulógio e Augúrio.
Com estas beatificações, o total de mártires da Guerra Civil Espanhola sobe para 1523 pessoas, incluindo 11 santos.
Além do religioso português, o grupo de 522 novos beatos inclui 514 espanhóis, três franceses, dois cubanos, um colombiano e um filipino.
OC