«Mais do que um Papa hierárquico, estar próximo das pessoas, seguir o caminho do Papa Francisco, da comunhão» – Padre Miguel Hernandez

Lisboa, 08 mai 2025 (Ecclesia) – O superior provincial da Ordem de Santo Agostinho (Agostinhos) em Portugal, a congregação religiosa do novo pontífice, destaca a experiência missionária e de governação de “um Papa que pode de facto agradar a todos”, “é um homem bom, próximo”.
“Foi prior-geral da Ordem, tem muita experiência no governo, era prefeito agora no Dicastério para os Bispos, mais novo foi pároco, foi bispo missionário, portanto é um homem com muita experiência, e sobretudo com experiência de governo e de missão também, o aspeto pastoral”, disse o padre Miguel Hernandez, esta tarde, após a eleição do novo Papa, em declarações à Agência ECCLESIA.
O superior provincial da Ordem Agostiniana em Portugal pensa que será “um Papa que pode de facto agradar a todos”, pela sua experiência, pelo seu trabalho, pela sua missão, “pela sua consciência de ser um pastor para a Igreja”.
“O primeiro desafio é ser Papa. Nós temos visto as imagens na televisão e temo-lo visto emocionado, desde o fundo do coração, quase com os olhos nas lágrimas. E depois ele tem feito referência ao Papa Francisco, nas primeiras palavras. Eu quero deduzir que também é um caminho que ele quer seguir”, salientou.
O padre Miguel Hernandez destaca “sinais de abertura”, na primeira mensagem do novo Papa Leão XIV, onde “falava da comunhão, falando também da figura de Santo Agostinho, como é que ele quer ser um pastor para a Igreja”.
“Mais do que um Papa hierárquico, estar próximo das pessoas, seguir o caminho do Papa Francisco, da comunhão, de uma Igreja que é uma comunidade onde cabem todos. Eu acho que isso ficou claro na sua primeira mensagem à Igreja”, salientou.
O cardeal Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, foi hoje eleito como Papa e assumiu o nome de Leão XIV, “uma surpresa” partilhada pelos Agostinhos em Portugal.
“A experiência missionária dele no Peru, numa diocese pobre, provavelmente lhe tenha feito lembrar a figura de Leão XIII, que publicou ‘Rerum Novarum’, sobre a Pastoral Social da Igreja [carta encíclica sobre a condição dos operários], a necessidade de responder aos desafios dos mais necessitados da Igreja. E, provavelmente, a escolha deste nome, deduzimos nós, tenha a ver com esta vertente social de responder aos desafios que hoje tem a Igreja e que tem a humanidade”, desenvolveu.
O responsável da Ordem de Santo Agostinho destacou também o apelo “à paz” de Leão XIV, “logo nas suas primeiríssimas, um chamamento à paz”.
D. Robert Prevost, o novo Papa, que sucede a Francisco, tal como o seu predecessor, é do continente americano e pertencia a uma ordem religiosa, “embora sejam de realidades muito diferentes, América do Norte, de onde ele vem, mas, depois, missionário na América do Sul, portanto, claramente, coincide com o Papa Francisco”.
“Por razões de parentesco, ele tem família na Espanha, na França, e, portanto, tem um grande conhecimento de vários países da Europa, da América, no governo da Ordem visitou países da África, da Ásia. Mais do que a importância de vir de um lugar, é a experiência acumulada”, acrescentou o padre Miguel Hernandez.
“Simplesmente desejar de todo o coração muito boa sorte ao novo Papa, Leão XIV, e que o acompanhemos todos com a nossa oração.”
O cardeal Robert Prevost foi o responsável mundial da Ordem de Santo Agostinho durante 12 anos, e, ao longo deste tempo, o padre Miguel Hernandez encontrou-se com ele em algumas ocasiões, nas visitas às comunidades, num capítulo geral, e em encontros internacionais de jovens.
“Posso transmitir é que é um homem bom, próximo, é um homem afável, é um homem simpático”, realçou o sacerdote cuja “primeira reação é de uma grande alegria, de dar graças a Deus, em particular”, pelo novo Papa, “seja ele quem forte”, e, neste caso, por ser um membro da Ordem Agostiniana.
“É o primeiro Papa da Ordem de Santo Agostinho. É uma imensa alegria dar graças a Deus pela eleição de um novo Papa que guie a Igreja, e que oriente a Igreja pelo caminho que o Espírito Santo quer, pelo caminho que Deus quer.”
A Ordem de Santo Agostinho foi fundada em 1254, por Santo Agostinho e a Sede Apostólica por meio do Papa Inocêncio IV, em Portugal os seis agostinhos – um português, quatro espanhóis e um haitiano – estão em duas comunidades do Patriarcado de Lisboa – Santa Iria de Azóia e Nossa Senhora da Graça – e dedicam-se, “fundamentalmente, à pastoral paroquial e à juventude na Igreja”.
“Seguindo a Ordem de Santo Agostinho que, ao longo da história, em Portugal foi uma das mais importantes e mais numerosas, até a expulsão das Ordens Religiosas”, acrescentou o padre Miguel Hernandez, lembrando que, em 2024, comemoraram os 50 anos do seu regresso “a Portugal em 1974”.
CB/OC