Na véspera do II Congresso Internacional da Pastoral dos Idosos, em Roma, o padre Francisco Ruivo aborda em que fase se encontra o trabalho na estrutura que coordena e fala sobre realidade da população envelhecida em Portugal

Lisboa, 01 out 2025 (Ecclesia) – O coordenador da Serviço Nacional da Pastoral dos Idosos (SNPI), da Conferência Episcopal Portuguesa, revelou hoje que a equipa desta estrutura “está em constituição” e que vai ter elementos de diferentes setores.
“O primeiro passo que eu tenho estado a fazer é constituir uma equipa, que seja ela também com carácter multidisciplinar no sentido de gente que trabalha nas mais diversas áreas”, afirmou o padre Francisco Ruivo, em declarações à Agência ECCLESIA.
O sacerdote da Diocese de Santarém, nomeado para liderar este serviço em maio, indica que entre os elementos que vão compor o SNPI, e que fazem parte do território diocesano, está um médico, uma radiologista, que trabalha nos cuidados paliativos, e uma professora.
“Tem de ser uma pastoral transversal, neste diálogo intergeracional que é importante”, sublinha.
“Falta também aqui um casal ainda”, refere o também assistente do Departamento Nacional da Pastoral Familiar, adiantando que já tem alguns em mente, mas que ainda se encontra em “processo de discernimento”.
“Cada um [dos elementos da equipa] terá uma sensibilidade diferente, e creio que é este conjunto de sensibilidades que nos há de ajudar também a ter uma resposta mais cabal, mais completa”, destaca.
Depois da constituição da estrutura, o SNPI tem a intenção de “sensibilizar as dioceses” e perceber o que é que existe em cada uma, procurando depois organizar um encontro com um representante diocesano.
Procurando desenvolver este novo serviço, o padre Francisco Ruivo vai participar, em conjunto com o diretor do Secretariado Nacional do Apostolado dos Leigos e da Família (SNALF), José Ribeiro da Cruz, no II Congresso Internacional da Pastoral dos Idosos, que decorre de 2 a 4 de outubro, na cidade italiana de Roma, para o qual parte hoje.
“Nós vamos encontrando pelo nosso planeta, muitas das conferências episcopais já têm uma pastoral dos idosos estruturada […] , e portanto, interessa-nos perceber como é que estão a funcionar nos diversos países”, explica.
Em Portugal, o sacerdote da Diocese de Santarém observa que “o que se tem feito até agora é uma pastoral assistencial em relação aos idosos e pretende-se que seja uma pastoral onde eles sejam protagonistas”.
O padre Francisco Ruivo salienta que “tudo isto se desenvolve, precisamente,” por causa da população portuguesa “estar cada vez mais envelhecida”, evidenciando que é preciso que a Igreja olhe para os idosos “não como alguém já do passado, mas como alguém que tem muito a dar”.
O coordenador do SNPI menciona que o congresso, com o tema “Vossos anciãos terão sonhos”, vai proporcionar “momentos de partilha”, “momentos de diálogo com os outros”, estando programadas conferências e trabalhos em grupo.
“Vou de coração aberto para acolher o mais possível, no sentido de nos ajudar também nós, depois também, a darmos passos, alguns passos, não vamos dar os passos todos, claro que é um caminho nunca concluído, mas darmos alguns passos, de facto, em termos da pastoral do idoso aqui no nosso país, na nossa Igreja”, expressou.
De acordo com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, o congresso internacional vai contar com a participação de 150 delegados provenientes de 65 países, representando 55 Conferências Episcopais, além de membros de associações e congregações religiosas engajadas na pastoral dos idosos.
“A minha intenção é agora, vindo ao congresso, escrever uma carta a cada diocese, também contactar as equipas da Pastoral Familiar, diocesanas”, com o objetivo a sensibilizar para o isolamento da população idosa.
Atualmente, há “sem dúvida uma pastoral assistencial”, vinca o sacerdote, acrescentando que o SNPI não pode ficar circunscrito a esta valência.
“A solidão nos grandes centros é, de facto, de uma violência muito grande, e, portanto, o idoso acaba por estar muito mais vulnerável, por estar muito mais só, porque nos pequenos centros há o sentido da vizinhança, e a vizinhança é sempre um sentido de solidariedade, um sentido de apoio, um sentido de cuidado”, disse.
Na sexta-feira, os participantes do encontro vão ter uma audiência com o Papa Leão XIV que, na perspetiva do padre Francisco Ruivo, tem seguido “muito a linha do Papa Francisco”.
“Estou curioso para perceber o que ele nos vai dizer. Claro, seu estou plenamente convicto que vai dizer que é urgente olharmos para o idoso como um protagonista da Igreja. Isso não tenho dúvida”, concluiu.
LJ/OC