Comissão Episcopal pede ao secretariado que «faça dos bens culturais uma realidade do presente», indica D. Nuno Brás
Leiria, 19 out 2024 (Ecclesia) – O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (SNBCI), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), está a realizar um encontro nacional, um secretariado que conta com representantes das 20 dioceses de Portugal, que se encerra hije, em Leiria.
“Foi gratificante perceber que todas as dioceses estão representadas, temos delegados de todas as dioceses, o que é relevante porque também é expressivo de que a nível das dioceses há também a consciência da importância que esta área tem”, disse a diretora do SNBCI, à Agência ECCLESIA, nas I Jornadas de Pastoral, que antecederam o Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja, está Sexta-Feira.
Neste sentido, Fátima Eusébio lembrou que os delegados que estão a representar as dioceses são nomeados pelos bispos diocesanos, e marcam presença nas duas iniciativas, o Conselho e as Jornadas.
“O Conselho Nacional, que já não se realizava há uma década, vamos retomar com a regularidade anual, o objetivo é também ouvirmos os delegados diocesanos, apresentarem precisamente ali, mais diretamente, aquilo que são as suas dificuldades e aquilo que esperam do Secretariado”, desenvolveu.
O programa do Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja começou, após a oração, com a apresentação dos resultados de um inquérito realizado no início deste ano, às dioceses, e das linhas orientadoras dos projetos em curso e futuros, pelo SNBCI.
Fátima Eusébio adiantou que “retomar estes encontros nacionais” foi “manifestado e registado” por agentes dos Bens Culturais no inquérito realizado entre fevereiro e março deste ano, e quiseram “também corresponder a essa vertente”, que existisse um encontro e voltassem “a estar todos juntos”.
“Algumas das nossas opções para o secretariado têm também o objetivo de servir as dioceses o melhor possível, de acordo com aquilo que elas nos apresentaram”, salientou a diretora do SNBCI.
O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), sobre o retomar deste Conselho e também da reflexão conjunta entre as dioceses, salienta que “o desafio é, precisamente”, numa “realidade muito sensível, seja pela história, seja pela própria atualidade” terem “todas as dioceses a mostrarem aquilo que são as suas dificuldades em casos concretos e também as formas de solução das dificuldades, que é muito importante”.
À Agência ECCLESIA, D. Nuno Brás, lembrou, sobre esta “realidade muito sensível”, que a Concordata de 2004 criou “uma comissão própria para o diálogo entre Igreja e Estado”.
“E, depois, trata-se de perceber, porque muitas vezes quem está à frente dos secretariados em termos nacionais tem a sua experiência, mas é a sua experiência, e, eventualmente, até a necessidade de acertar ou não algumas linhas, algumas diretrizes”, acrescentou o entrevistado, que é também o bispo do Funchal.
Do programa do Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja também consta a apresentação de dois grupos de trabalho – para a Conservação e Restauro (GTCR) e para os Museus e Projetos Expositivos (GTMPE) – os seus objetivos e estratégias; ações, projetos, desafios e dificuldades; e parcerias e possibilidades de colaboração, nomeadamente com o Centro de Estudos de História Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP).
O Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja foi presidido por D. Pio Alves, bispo auxiliar emérito do Porto e vogal da Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.
A direção do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja foi nomeada em novembro de 2023, e assumiu funções em janeiro deste ano, o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais explicou que pedem “que faça dos Bens Culturais não apenas uma realidade do passado, mas uma realidade do presente”.
Neste sentido, D. Nuno Brás alertou para a “perspetiva errada” de olhar-se para os Bens Culturais “simplesmente como coisas antigas ou coisas velhas até mesmo”, porque continua-se “a produzir bens culturais”: “Há igrejas que continuam a ser construídas, há peças de culto que continuam a ser desenhadas e produzidas”.
“Os bens culturais, estes bens culturais precisam de ser uma realidade de evangelização, precisam ser uma realidade que mostra Deus e, portanto, para além do seu valor material, têm um valor espiritual e pastoral que precisa de ser usado, precisa de ser vivido, precisa de ser transmitido. E é isso que, obviamente, pedimos ao secretariado nacional”, desenvolveu o responsável.
Fátima Eusébio explicou que a primeira fase neste serviço nacional “foi de adaptação, de também estudar os dossiers”, que se calhar “foi a fase a mais complexa”, e inteirar-se “dos vários assuntos, das relações institucionais do Secretariado com outros organismos, e depois definir a estratégia”.
Sobre o futuro, a diretora do SNBCI adiantou que vão “retomar a revista Invenire, o próximo número será publicado entre finais de dezembro e inícios de janeiro”, e já estão a trabalhar “precisamente na sua realização”, pretendem dialogar com a Comissão Episcopal, a próxima reunião é no dia 11 de novembro, em Fátima, no sentido de “ajudar um pouco as dioceses para a realização do inventário, porque é uma área estratégica muito importante”, e esperam concretizar, em 2025, “um manual de boas práticas para os arquivos, incluindo o fundo antigo e o arquivo corrente”.
“O importante é que se vejam consequências. Também estamos na fase de renovação das estratégias de comunicação, sobretudo o site, que tem andado ainda muito na reflexão”, referiu a entrevistada.
CB/OC
O dia foi marcado pelas I Jornadas da Pastoral dos Bens Culturais da Igreja, promovidas pelo SNBCI, no Museu de Leiria, onde anunciaram uma segunda edição, na Diocese de Setúbal, em 2025; uma iniciativa realizada no Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, criado em honra de São Lucas, padroeiro dos artistas, (18 de outubro), que visa realçar a importância do património eclesiástico no contexto da pastoral, da evangelização, da história, da educação, da arte e do turismo. O programa incluiu comunicações de Giulia Privitelli, da Rede Internacional “Pedras Vivas”; de Sandra Maria do Vale, do Arquivo Diocesano de Bragança-Miranda; de Eva Raquel Neves, do Museu Diocesano de Santarém; de Maria Isabel Roque, da Universidade Católica Portuguesa (UCCP); de Graça Maria Nóbrega Alves, diretora Museu de Arte Sacra do Funchal; do cónego Joaquim Félix de Carvalho, da Faculdade de Teologia da UCP; e de Carla Varela Fernandes, da Divisão “Rota das Catedrais” do Património Cultural do Estado. Após o encerramento das Jornadas, seguiu-se uma visita à exposição ‘Corpus – Ritualidade, Forma e Presença’, conduzida por Marco Daniel Duarte, Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima. |