Capelão militar, que passou pelo Kosovo e Afeganistão, mostra preocupação com a situação na Ucrânia
Lisboa, 27 fev 2022 (Ecclesia) – O padre Guilherme Peixoto, capelão militar que passou pelo Kosovo e Afeganistão, manifestou a sua preocupação com a guerra na Ucrânia, alertando para o “drama terrível” que afeta a população.
“Espero que a indústria da guerra não fale mais alto do que a importância da paz e da dignidade humana, com toda a miséria que pode resultar de um conflito”, refere o sacerdote da Arquidiocese de Braga, entrevistado pela Ecclesia e Renascença.
O responsável defende que a Igreja e a sociedade devem ter esta crise em atenção, por considerar que a situação é “grave demais”.
“Devia tirar-nos o sono pensar que, de um momento para o outro, milhões de pessoas podem não apenas morrer, mas ficar deslocadas, refugiadas. Temos um drama terrível às nossas portas, e não podemos olhar para estas notícias como se fosse um reality show”, observa.
“Há dramas a acontecer no mundo que não podem ser descartados”, acrescenta o convidado da entrevista semanal, emitida e publicada aos domingos.
O padre Guilherme Peixoto refere, a partir da sua experiência, que os militares procuram a paz, sublinhando que também “têm família”.
“O que querem é estar preparados para defender o seu país, preparados para o pior, mas que não aconteça. Isso é sagrado na vida de um militar”, precisa.
Questionado sobre a guerra na Ucrânia, o sacerdote deixou votos de que “os interesses económicos não se sobreponham à guerra”.
Era importante que o mundo chegasse ao ponto de não permitir que a indústria do armamento fique nas mãos de civis”.
Numa conversa gravada antes de a Rússia ter lançado a ofensiva militar em território da Ucrânia, na madrugada de 24 de fevereiro, o padre Guilherme Peixoto defende que a paz deveria ser “uma cultura”, na vida pessoal e das comunidades.
“Quando falamos em paz, ainda nos esquecemos de tantos pormenores da nossa vida que são conflito permanente. Ainda se cultiva muito a guerra, mesmo fora das armas”, realça-
Pároco, DJ e capelão militar, o sacerdote tem milhares de seguidores nas redes sociais e sustenta que a Igreja não pode deixar de estar nestes meios, desde que o saiba fazer.
“A Igreja não pode querer estar nas redes sociais da mesma forma que está no jornal diocesano ou na internet, no site, no formato de púlpito”, adverte o padre Guilherme Peixoto.
A entrevista, em que fala da alegria como marca do seu sacerdócio, recorda a relação entre o Carnaval e o início da Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa, que se assinala a 2 de março, com a celebração das Cinzas.
Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)