Igreja/Portugal: Publicações inéditas procuram oferecer novas visões sobre mística e espiritualidade

«História Global» e dicionário online foram apresentados em Braga

Braga, 03 jul 2025 (Ecclesia) – O Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização (IEAC-GO) apresentou esta quarta-feira, em Braga, o primeiro volume da ‘História Global de Espiritualidade e Mística em Portugal’, um trabalho inédito que visa oferecer novas visões sobre o tema.

D. José Cordeiro, arcebispo de Braga, disse à Agência ECCLESIA que estas publicações podem chegar a “buscadores de Deus, alguns até fora da Igreja”.

“A espiritualidade e a mística são o encontro vivo e pessoal e comunitário com Jesus Cristo que é fonte de toda a espiritualidade, de toda a mística, da espiritualidade, da vida segundo o Espírito, da mística a partir do próprio mistério que é Cristo”, referiu o também presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade.

Para o arcebispo primaz, o trabalho feito em colaboração com a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) é “bem-vindo”, permitindo “chegar mais longe e a um maior número de pessoas, a não ficar nos lugares habituais da Igreja, nesta atitude de Igreja em saída”.

D. José Cordeiro destacou o facto de a obra ser lançada no Jubileu dedicado à esperança, o Ano Santo convocado por Francisco e agora presidido por Leão XIV.

“Reforça a convicção desta esperança que não engana”, observa.

Este projeto, sob a coordenação científica do IEAC-GO e apoio da CEP, é dirigido por Eugénia Abrantes e José Eduardo Franco, com coordenação do padre Manuel Barbosa, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa e Bruno Venâncio, investigador do IEAC-GO.

Além do primeiro tomo do volume I da “História Global”, está também disponível o ‘Dicionário Global de Espiritualidade e Mística’, em versão online.

A sessão de lançamento decorreu no Museu Pio XII, com uma conferência de Eugénia Abrantes sobre o tema ‘A Esperança, um «verbo» que desvela o Céu’.

“Espero que se deixem cair muitas interpretações erradas sobre a espiritualidade e a mística. No fundo, dar essa dignidade que, até ao momento, mesmo no seio da Igreja, da própria Teologia, nunca se deu um à espiritualidade e à mística. Quando os conceitos não são levados devidamente a sério, abre-se campo para interpretações erradas”, advertiu a responsável.

A presidente do Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização referiu à Agência ECCLESIA que o trabalho envolve mais de 700 autores, de mais de 20 países.

“Esta é uma investigação sem rede, nunca foi realizada, este estudo cronológico em torno da espiritualidade e da mística ao longo destes séculos todos da nossa existência e da história de Portugal nunca foi feito”, assume.

A apresentação da ‘História Global de Espiritualidade e Mística em Portugal’ esteve a cargo do cónego José Paulo Abreu, diretor do Museu Pio XII.

“Estamos a dar corpo a uma novidade e penso que vem preencher uma das grandes lacunas da nossa cultura”, assinalou o responsável, destacando a importância de colocar a espiritualidade em diálogo com o mundo da cultura e o pensamento contemporâneo.

Já o padre Manuel Barbosa, secretário da CEP, assumiu a “alegria” de dar a conhecer “todos os místicos, homens e mulheres da espiritualidade do país”.

“Muito deles não conhecidos e aportam algo de importante, também para a nossa religião e para a cultura onde estamos inseridos”, acrescentou.

José Eduardo Franco disse à Agência ECCLESIA que o projeto vem “colmatar uma lacuna de conhecimento em Portugal”.

“Somos um território em que grandes protagonistas da nossa história também estão relacionados com o mundo da espiritualidade e da mística e deixaram marcas relevantes, quer do ponto de vista literário, quer do ponto de vista do património unificado, porque a arte e a mística, apesar de nos parecer uma coisa etérea, quase impalpável, intangível, depois também tem efeitos e expressões palpáveis”, precisou.

O ‘Dicionário Global De Espiritualidade e Mística’ tem 4 mil entradas, distribuídas por 24 áreas temáticas; foi apresentado pelo secretário da CEP e por Manuel Costa.

LJ/OC

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