Igreja/Portugal: Presidente da Conferência Episcopal apela à pacificação, após manifestações de violência na região de Lisboa (c/vídeo)

«É preciso que todos colaboremos para que seja possível um país em fraternidade, em paz e em solidariedade» – D. José Ornelas

Foto: Lusa

Cidade do Vaticano, 26 out 2024 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portugues (CEP) deixou hoje um apelo à pacificação social, após acontecimentos de violência e destruição em vários concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, desde segunda-feira.

“Nós todos, particularmente no país que somos, Portugal, um país pequeno, um país que está habituado a receber diferenças e a projetar-se também para aquilo que é diferente, é muito importante que saibamos encontrar-nos também para as dificuldades que temos, possamos contar com todos, nós não temos de fazer uma política para nós para aplicar aos outros”, disse hoje D. José Ornelas, no final dos trabalhos sinodais, em declarações à Agência ECCLESIA.

“Nós temos, juntos, de escutar-nos em todas as dimensões que nós temos, também daquelas que chegam de fora, também daquelas que são diferentes de nós, mas que vieram e que têm vontade de viver connosco para encontrarmos um caminho que realmente possa ser um caminho de progresso”, acrescentou o presidente da CEP.

Os desacatos desencadeados tiveram início no Zambujal, na noite de segunda-feira, dia 21 de outubro, e estenderam-se, desde terça-feira, a outros bairros da área metropolitana, com viaturas e caixotes do lixo vandalizados e incendiados.

Na origem destes desacatos está a morte de Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, que foi baleado por um agente da PSP, na madrugada de segunda-feira no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

D. José Ornelas afirma que a “mensagem não pode ser outra senão de paz”, e “é uma grande tristeza ver estas coisas, as vidas que se perdem”, partilhando proximidade com a família de Odair Moniz.

“Quero, à família deste senhor que faleceu, deixar os meus sentimentos de profunda proximidade porque ninguém pode ser assim tratado. Por outro lado, também um grande respeito com aqueles que procuram ajudar a que a ordem e a convivência se faça sem violência”, acrescentou.

O bispo da Diocese de Leiria-Fátima observa que “ninguém tem missão fácil nestes tempos”, mas é preciso que todos colaborem para que “seja possível um país em fraternidade, em paz e em solidariedade”.

Além do motorista de um autocarro, que sofreu queimaduras graves, alguns cidadãos ficaram feridos sem gravidade e dois polícias receberam tratamento hospitalar, durante a onda de violência dos últimos dias.

O presidente da CEPestá a participar na segunda da assembleia do Sínodo dos Bispos, onde o Papa Francisco evocou a necessidade de mostrar o sínodo como um sinal de paz, na tarde deste sábado, no encerramento dos trabalhos.

“Uma mensagem também que vem do coração deste sínodo, que é precisamente o viver com as diferenças, saber viver com elas, o não deixar-se levar simplesmente pela violência, nem das autoridades, nem daqueles que reagem a possíveis exageros, ou o que quer que seja, não faço juízos sobre isso”, referiu o bispo português.

O funeral de Odair Moniz realiza-se este domingo, na igreja da Buraca, às 14h00, e saída do cortejo fúnebre acontece pelas 14h30.

A PSP, em comunicado divulgado esta sexta-feira à tarde, informou que registou 123 ocorrências, 21 detenções e identificou 19 suspeitos de desacatos, 16 veículos ligeiros e dois motociclos foram incendiados, cinco viaturas da polícia foram danificadas e uma esquadra atacada com engenhos pirotécnicos.

OC/CB

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