Serem «Servidores na Esperança» é um «programa de vida» que se destaca neste Ano Santo 2025
Lisboa, 27 jan 2025 (Ecclesia) – A presidente nacional da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) destacou vários desafios da instituição com 165 anos em Portugal, como a renovação, com jovens e adultos “já com os seus 30 anos”, a comunicação e a formação.
“Nós temos uma comunidade muito envelhecida, e é essencial que vá havendo renovação. Os jovens são essenciais pela sua alegria, pela sua criatividade, pela sua forma de ser e novas ideias que podem trazer às conferências, mas as conferências também têm que fazer este caminho de os acolher e ter também alguma adaptabilidade àquilo que são os desafios e aquilo que são os jovens hoje em dia”, disse Fernanda Capitão, esta segunda-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.
A presidente da direção nacional da Sociedade de São Vicente de Paulo em Portugal destaca o exemplo de uma Conferência Vicentina que, em 2024, integrou “oito jovens e crianças”, um caminho que se faz localmente porque “não há uma solução para todos”, e, cada realidade, deve procurar “por onde é que pode entrar”, por exemplo, pela Catequese, pela disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), “através do pároco, de movimentos”.
As Conferências Vicentinas, 637 grupos “com maior implantação a norte”, têm 6350 vicentinos, 68% com mais de 61 anos, 3745 subscritores e colaboradores, segundo dados estatísticos de 2023; para Fernanda Capitão “também é importante a entrada das pessoas ainda na vida ativa”, ou seja, pelos 30 anos, “já tiraram os cursos, entraram no mercado de trabalho, constituíram família”, e “estabilizaram, muitas vezes, os filhos estão na catequese”.
“Se conseguirmos cativar essas pessoas e chamá-las serão, se calhar, esta forma de termos um novo rosto, mais novo, nas Conferências Vicentinas. E depois também trazer outro tipo de conhecimento, de estratégias que nos podem ajudar a crescer”, acrescentou.
A Igreja Católica está a viver o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja, proclamado pelo Papa Francisco, com o tema ‘Peregrinos de Esperança’, o slogan da Sociedade de São Vicente de Paulo é ‘Servidores na Esperança’, segundo a responsável nacional da SSVP “um programa de vida”.
“Um programa de vida cristão. A Sociedade de São Vicente de Paulo é uma associação de fiéis leigos, é uma comunidade cristã e o cristão vive na esperança. A fé é esta esperança hoje, no amanhã, a esperança em Deus”, assinalou, destacando a partilha da esperança quando vão “ao encontro dos pobres, onde eles estão, nas suas casas, hospitais, às prisões, às ruas, onde eles estão”.
A comunicação é também um desafio para a Sociedade de São Vicente de Paulo em Portugal, a responsável nacional afirma que são “maus comunicadores”, e lembra a “tradição cristã”, que ainda persiste em muitas das conferências vicentinas, ‘não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita’.
“A verdade é que nós hoje vivemos num meio digital, então nós temos que saber comunicar, temos que aprender. Quem não tem um site, quem não utiliza as redes sociais, não é conhecido”, observou, destacando que publicam uns boletins “importantíssimos”, uma dinâmica de partilha daquilo que fazem nas dioceses, que pode ter um efeito de “contágio” de boas práticas.
A formação dos vicentinos da SSVP também é prioritária, e Fernanda Capitão adianta que querem desenvolver “uma plataforma digital” para terem módulos, “que estão a ser criados”, para poderem ajudar e acompanhar as pessoas.
“A formação tem que ser por um lado espiritual, porque estão permanentemente a entrar pessoas nas conferências, são pessoas que têm que ser formadas, têm que conhecer a nossa espiritualidade, o carisma, e a parte humana”, explicou, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje, dia 27 de janeiro, na RTP2.
PR/CB/OC
A Sociedade de São Vicente de Paulo foi fundada em 1833, em Paris (França), por Frederico Ozanam (1813), então jovem estudante de Direito da Sorbonne, que foi beatificado pelo Papa São João Paulo II, em 1997.
“Falar de Frederico Ozanamé recuar no tempo, é ir a Paris, a um tempo muito conturbado, de uma revolução; nesse tempo, nesse meio universitário, onde a religião era combatida, formou as Conferências de História e fazia a defesa e a ponte entre religião e política”, contextualizou Fernanda Capitão, acrescentando que um jovem, num desses debates, perguntou “onde é que estão as vossas obras, onde é que está a prática”. A presidente nacional da Sociedade de São Vicente de Paulo lembra que “ficou conhecida” na sociedade a frase do fundador ‘vamos aos pobres’, que ainda utilizam hoje, e Frederico Ozanam, com um grupo de amigos, e a Beata Rosália Rendu, Filha da Caridade de São Vicente de Paulo, foi conhecer “os bairros pobres de Paris”. Em Portugal, a SSVP celebrou 165 anos de serviço, no dia 27 de outubro de 2024, a primeira Conferência Vicentina foi criada a 31 de outubro de 1859, na igreja de São Luís, em Lisboa; em 1976, foi fundado o Conselho Nacional, que resultou da fusão dos Conselhos Superiores Masculino e Feminino Portugueses. “Em 1900, havia em Portugal 35 Conferências Vicentinas, 26 no norte, uma realidade que ainda hoje se encontra, de maior implantação, a zona centro com oito conferências, e uma conferência na zona sul”, destacou aa entrevistada. A Sociedade de São Vicente de Paulo, que tem como estruturas-base as Conferências de São Vicente de Paulo ou Conferências Vicentinas, é um movimento católico de leigos apoia-se nos princípios da justiça, da solidariedade e da caridade. |