Igreja/Portugal: Obra Nacional quer integrar ciganos no processo sinodal

Hélder Afonso destaca importância de «envolver todos» e enfrentar discursos de «ódio»

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Fátima, 20 jun 2025 (Ecclesia) – O diretor da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC) assumiu a intenção de envolver estas comunidades no processo sinodal que a Igreja Católica está a viver.

“Os ciganos ainda não foram envolvidos, na parte da preparação do Sínodo, das conclusões, mas que é um trabalho que nós estamos a iniciar, que queremos fazer, envolver todos”, refere Hélder Afonso à Agência ECCLESIA.

“Como eles não foram ouvidos na primeira fase, queremos agora constituir grupos sinodais no sentido de os escutar, ver quais são os seus problemas”, acrescenta.

O responsável assinala que nem todas as dioceses têm um secretariado para a pastoral dos ciganos, em Portugal.

“Estou a percorrer todas as dioceses, ainda não terminei, no sentido de ouvir junto dos senhores bispos, junto dos outros setores, aquilo que também os ciganos podem trazer e podem fazer pela Igreja e, em sinodalidade, fazer o caminho juntos”, indica.

O diretor da ONPC foi um dos participantes nas Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorreram esta semana em Fátima, para debater o processo sinodal, reunindo bispos, religiosos, representantes diocesanos e dos vários setores da pastoral.

Para Hélder Afonso, a prioridade passa pela “proximidade”, indo ao encontro das pessoas.

“Quando visito os acampamentos, mostra-se uma grande disponibilidade em também ouvir e também se quererem envolver”, refere o responsável, da Diocese de Vila Real.

A XVI Assembleia Geral do Sínodo, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro de 2024, teve como tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’; o processo começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021, e a primeira sessão sinodal decorreu em outubro de 2023.

O diretor da ONPC recorda que, em Portugal, a comunidade cigana foi várias vezes visada no debate político, durante a última campanha eleitoral, assumindo o desafio de “mostrar e buscar a sua disponibilidade, a sua sabedoria, as suas tradições, a sua cultura, para os incluir”.

O objetivo, realça, é “transformar aquilo que é neste momento um ódio aos ciganos, um ódio visceral de alguns setores, numa oportunidade para dizer que eles não são nada disso e são grupos vulneráveis”.

“A Igreja deve aproximar-se, caminhar com eles, caminhar no sentido de ver as suas fragilidades, ver os seus problemas: a questão da habitação, a questão da educação, da saúde, do emprego”, observa, para “ir ao encontro dessas fragilidades e transformar isso numa oportunidade de mudança e de acompanhamento das comunidades ciganas”.

A entrevista vai integrar a próxima emissão do Programa ‘70×7’, este domingo, na RTP2 (17h30), dedicada ao processo sinodal nas dioceses e serviços nacionais da Igreja Católica em Portugal.

A Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos tem personalidade jurídica desde 1972, dependendo da Conferência Episcopal Portuguesa, através da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

PR/OC

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