Igreja/Portugal: «O mundo precisa de uma terapia do amor» – D. António Moiteiro

Clero das dioceses centro do país refletiram sobre «Comunicação da fé em tempos de mudança»

Foto: Jornadas Dioceses do Centro

Fátima, 31 jan 2025 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, disse aos padres das dioceses do centro do país que o mundo necessita “de uma terapia do amor” e pediu a construção de uma identidade cristã mais “pessoal e comunitária”.

“Comunicação da fé em tempos de mudança” foi o tema que envolveu três dias, 28, 29 e 30 deste mês, em Fátima, as jornadas do clero das dioceses do centro do país (Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e Viseu).

João Duque, professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) abriu a perspetiva do pós cristianismo e indicou a necessidade de “pensar o cristianismo de outro modo, desconstruindo algumas construções” e, ao falar da linguagem e do simbolismo, apontou desafios pessoais e institucionais do cristianismo.

O docente apontou que “Não há uma única forma de ser cristão” e questionou “a relação do cristão não praticante com as paróquias”.

“Jesus pregava aos membros de uma multidão, que não tinham as características do cristão comprometido; não teremos de rever este estatuto? O cristão não praticante não poderá beber do cristianismo na sociedade? Que relação há nas paróquias com estes cristãos não praticantes?”

A tarde foi preenchida com quatro ateliers: Margarida Cordo, Psicóloga Clínica e da Saúde, Terapeuta Familiar e Psicoterapeuta, apresentou o tema “Multi-identidades”; já João Almeida, docente no Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática da Universidade de Aveiro, orientou o atelier sobre “redes sociais”.

A irmã Irene Guia, da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, orientou o atelier “Multiculturalidades” e o atelier sobre a Inteligência Artificial (IA), foi da responsabilidade de Cláudio Teixeira, Doutorado em Engenharia Informática pela Universidade de Aveiro.

A noite de 28 de janeiro terminou com um serão de conversa sobre o documento final do Sínodo dos Bispo, com D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes, bispo de Leiria-Fátima e de Coimbra, respetivamente, numa conversa moderada por Leopoldina Simões.

No segundo dia das jornadas, 29 de janeiro, Maria José Schultz convidou o clero para uma viagem pelos relatos evangélicos que dão conta como Jesus saiu ao encontro de pessoas, em diversas situações vitais.

“Mudou vidas, levando outros a quererem ser pessoas melhores, mais eles mesmos, na responsabilidade e no compromisso com o bem que receberam”, disse.

A compaixão foi uma das atitudes destacadas pela oradora, e que em Jesus “prevalecia e emergia na sua maneira de olhar, julgar e tocar os outros”, um caminho da comunicação da fé.

Foram ainda partilhadas “dicas” para o caminho da evangelização, como os “testemunhos credíveis e coerentes”, “espaços físicos que facilitem a partilha e o acolhimento”, “ritualidades e práticas litúrgicas que promovam o encontro com Jesus” e “espaços onde se ensine a rezar, esperar e confiar”.

“A memória dos discípulos de Jesus não inclui discursos dogmáticos, verdades indiscutíveis, regulamentos e instruções; não impõe um modelo de pessoa nem exige um compromisso com a primeira abordagem; Como vimos, é um processo gradual, primeiro de busca, de abordagem incipiente, de participação e, finalmente, de identificação”, sintetizou.

No último dia das jornadas, 30 de janeiro, a manhã foi preenchida com duas intervenções do padre Juan Carvajal Blanco, da Diocese de Madrid (Espanha) que falou sobre “A iniciação dos discípulos de Jesus, Cristãos num mundo plural”.

“A iniciação cristã é o caminho para as pessoas aprenderem a viver cristãmente e se transformarem à semelhança de Jesus”.

“Se a fé se propõe como tarefa seremos considerados como gente estranha”, alertou o sacerdote que abordou a catequese que não se pode limitar a “seguir temas” mas que supõe “uma transformação”.

Três dias em que a base foi a “comunicação da fé em tempos de mudança”, com pistas, boas práticas e desafios deixados ao clero das seis dioceses do centro.

LFS

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