José Veiga, diretor-adjunto da Pastoral Universitária da Diocese do Porto e voluntário na Bagos d’Ouro, fala da necessidade de criar caminhos para a fé e a educação
Porto, 09 abr 2023 (Ecclesia) – José Veiga, diretor-adjunto da Pastoral Universitária da Diocese do Porto e voluntário na Bagos d’Ouro, disse à Agência ECCLESIA e Rádio Renascença que é necessário criar espaço para a alegria, apesar das dificuldades que se vivem na Igreja e na sociedade.
“Há e tem de haver espaço para a alegria”, refere o convidado da entrevista semanal conjunta que é emitida neste Domingo de Páscoa.
O jovem assume o impacto da crise de abusos sexuais, nas comunidades católicas em Portugal.
“Não podemos ignorar aquilo que está a acontecer, mas não é porque aconteceram coisas más que deixam de acontecer coisas boas. Aliás, acho que tem de ser exatamente o contrário. Isto tem de ser motivo para sermos mais ativos, ser uma Igreja mais em saída”, aponta.
Sem esquecer, sem desrespeitar, sem desvalorizar o que aconteceu, isto não é tudo também há espaço para esta alegria, para trazer, pelo menos, uma mensagem esperançosa de bonança”.
José Veiga fala num dos “maiores desafios” que a Igreja vai passar neste século XXI, admitindo que ainda está a “digerir” a situação.
“Ainda não percebi muito bem, como Pastoral Universitária, como um secretariado, qual é a minha ação perante isto que está a acontecer com a Igreja. O que é que me vai ser pedido, concretamente? O que é eu posso fazer?”, refere.
O voluntário na Bagos d’Ouro, Instituição Particular de Solidariedade Social que apoia a educação de crianças e jovens, sublinha a importância do “acompanhamento a longo prazo e de proximidade”, desenvolvido junto de 204 crianças e jovens, em seis concelhos da região do Alto Douro vinhateiro.
“O nosso trabalho é garantir que tenham percursos escolares de sucesso e que as suas condições socioeconómicas não os vão condicionar, que possam sonhar e seguir para sua profissão de sonho”, precisa.
O entrevistado pergunta, a título de exemplo, como é que um jovem se pode concentrar e estudar “numa casa em que não há energia para aquecimento”.
“Não podemos esperar em que se apoie uma família durante um ano e que, no ano a seguir, essa família, de repente, já esteja numa situação equilibrada a nível familiar, social ou financeiro”, adverte José Veiga, para quem “falta uma estratégia mais articulada” nas várias respostas sociais.
“As várias instituições locais articulam-se em rede, trabalham em rede, mas a necessidade de resposta que temos de dar à população é muito exigente, para aquilo que são os recursos”, acrescenta.
O diretor-adjunto da Pastoral Universitária da Diocese do Porto considera “muito difícil” conseguir uma quantificação de resultados, em intervenções como as que são desenvolvidas pela Bagos d’Ouro.
“Quando investimos na educação, como é que vou medir a mudança de atitude de um miúdo que não queria estudar e passou a estudar?”, questiona.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)