Igreja/Portugal: Núncio apostólico evoca exemplo de paz da JMJ, num mundo marcado pela guerra

Encontro mundial de Lisboa recordado no encontro de Ano Novo do corpo diplomático com o presidente da República

Lisboa, 10 jan 2024 (Ecclesia) – O núncio apostólico em Portugal evocou esta terça-feira o exemplo de paz da JMJ Lisboa 2023, falando durante a cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo ao presidente da República Portuguesa.

“Aqueles dias não foram um sonho, mas uma evidente realidade cujos frutos, sem dúvida, aparecerão em todos os lugares onde vive cada um do milhão e meio dos jovens participantes. Todos eles regressaram convencidos de que é possível construir um mundo onde viver juntos, em paz, em alegria, com respeito, com sentido de responsabilidade, com espírito de acolhimento e de serviço”, declarou D. Ivo Scapolo, decano do corpo diplomático.

Numa cerimónia que decorreu no Palácio da Ajuda, o embaixador da Santa Sé destacou, como um dos momentos mais destacados de 2023, a realização da Jornada Mundial da Juventude (01-06 de agosto) e a visita do Papa Francisco a Portugal.

D. Ivo Scapolo falou em “dias maravilhosos”, sublinhando o “generoso e entusiástico empenho” do presidente da República e do cardeal-patriarca de Lisboa, das várias autoridades civis e militares, das representações diplomáticas, das instituições religiosas e civis, para acolher os jovens participantes.

“Que as guerras atualmente em curso, e as tragédias que provocam, não sufoquem a esperança da família humana, de maneira particular das novas gerações, na possibilidade de construir um mundo melhor”, apelou.

Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu estas palavras e quis associar-se “aos votos e apelos reiteradamente expressos” pelo Papa Francisco “à paz, à solidariedade e à justiça internacional”, evocando ainda o “momento inolvidável” da JMJ Lisboa 2023.

No seu discurso, D. Ivo Scapolo apresentou uma reflexão inspirada na imagem dos “tapetes de Arraiolos” como símbolo do “laborioso, paciente, escondido, inventivo e hábil trabalho a nível diplomático”.

“É necessário estreitar laços na promoção da paz, da justiça, da educação, do desenvolvimento integral e do respeito pelo meio ambiente; são necessários também vínculos sólidos para lutar contra a guerra, a violência, a pobreza, a exclusão, a fome e a doença”, desejou o núncio apostólico em Portugal .

O facto de que, também hoje, há lugares de violência, guerras, morte e violações dos direitos humanos fundamentais, não pode e não deve paralisar-nos e roubar-nos a esperança. Pelo contrário, estas tragédias devem despertar, a nível pessoal e comunitário, o renovado desejo de oferecer a própria colaboração, em tudo quanto estiver ao nosso alcance, para realizar projetos – pequenos e grandes – para melhorar sempre mais a convivência da família humana e o respeito pelo meio ambiente”.

O representante diplomático do Papa em Portugal apontou às eleições dos próximos meses e aos 50 anos do 25 de Abril.

“Quero desejar, de maneira especial, ao povo português que os próximos atos eleitorais sejam ocasião para fortalecer ainda mais a democracia em Portugal. Que seja um momento especial para reavivar o espírito de responsabilidade, de participação e de amor dos portugueses ao seu país, que no próximo mês de abril celebrará 50 anos de democracia”, declarou.

Marcelo Rebelo de Sousa centrou a sua intervenção nos 50 anos da descolonização, que colocaram “fim a um império colonial de cinco séculos, feito de sucessos e de fracassos, de língua universal, descoberta científica, cultural e humana, mas também de exploração, escravidão, imposição injusta e, tantas vezes, opressiva”.

O chefe de Estado observou, a este respeito, que esta história mostrou que “a fé tanto pode ser inspiradora como pode ser violentadora”.

Para o presidente da República Portuguesa, é importante compreender que “a democracia só existe quando se respeita a dignidade da pessoa”.

“Essa dignidade não pode ter cor, não pode ter credo, não pode ter raça, não pode ter supremacias de origem, de fortuna, de privilégio pessoal, familiar, de classe ou de território”, precisou.

OC

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Agência ECCLESIA

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