Projeto «Repensar a Pastoral», lançado pela Conferência Episcopal há ano e meio, envolveu milhares de pessoas até ao momento
Lisboa, 02 nov 2011 (Ecclesia) – A necessidade de mudança na ação da Igreja em Portugal é uma constatação unânime de leigos, religiosos e padres a respeito do projeto ‘Repensar a Pastoral’, lançado pela Conferência Episcopal há ano e meio.
“Não basta fazer alguns ajustamentos pastorais, ao estilo duma operação cosmética, mas ter a coragem de rever toda a pastoral em diálogo sinodal com seus agentes, numa palavra, com a comunidade eclesial viva e organicamente articulada”, escreve o padre Carlos Paes, pároco de São João de Deus, Lisboa, em texto publicado na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA.
O sacerdote, autor da brochura «‘Repensar a pastoral da Igreja em Portugal’. A minha resposta ao desafio da Conferência Episcopal Portuguesa», editada pelas Paulinas, identifica “14 saltos qualitativos” que considera necessários, como “passar do protagonismo clerical à participação de todo o Povo de Deus”.
Em abril de 2010 foi apresentado a todas as comunidades o documento-base do projeto ‘Repensar a Pastoral da Igreja em Portugal’, texto que tinha como principal objetivo encontrar novas formas de anunciar o Evangelho, numa sociedade fortemente marcada pelo secularismo.
Depois de o documento ter sido debatido, ao longo de vários meses, por milhares de agentes eclesiais, com o contributo da sociedade civil, as conclusões foram sintetizadas pelo secretariado-geral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
“A adesão a esta proposta da CEP foi razoavelmente positiva, o que não quer dizer que não pudesse ser mais abrangente e capilar”, refere o padre Manuel Morujão, secretário do organismo episcopal, em entrevista.
Ondina Matos, diretora do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e Vocacional de Aveiro, escreve, por seu lado, que “é necessário um bom ‘Marketing Cristão’ para chamar os jovens e só depois dar-lhes o ‘conteúdo’ necessário, o sumo do que é ser-se e viver-se na fé de Jesus Cristo”.
“Necessitamos de transmitir afetividade, acolhimento, atenção – os jovens precisam de se sentirem bem, especiais, únicos, acolhidos, ao jeito de Jesus Cristo”, assinala a responsável, pedindo ainda o aproveitamento das novas tecnologias de informação.
Para Maria de Fátima Sismeiro, do Conselho Pastoral Diocesano de Leiria-Fátima, o projeto da CEP é “um ato de coragem de fé e de humildade, num momento crucial da Igreja e da sociedade”.
Ao nível da diocese, foi feita uma reflexão sobre o tema que apontou para a “falta de cultura religiosa e laicismo em excesso” e para a “necessidade de orientações comuns que assentem no essencial e de uma organização e coordenação geral”.
O padre dehoniano Manuel Barbosa, representante da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) no grupo ‘Repensar a Pastoral’, convida a “superar a nostalgia da cristandade” e “desenvolver um modelo de Igreja comunitário e participativo”.
Na próxima assembleia plenária da CEP (07-10 de novembro), vai ser apresentado aos bispos um programa de “concretização da reflexão feita até aqui”, adianta o padre Manuel Morujão.
Atualmente está em curso uma sondagem à opinião pública, coordenada pela Universidade Católica Portuguesa, sobre o modo como os cidadãos se “posicionam perante a Igreja e quais as expectativas que têm a seu respeito, independentemente da sua filiação religiosa ou ideológica”.
OC