Igreja/Portugal: Maestro Emanuel Pacheco diz que música litúrgica exige ingrediente da «fé»

Diretor do Curso de Música Litúrgica salienta que esta formação «foi o início de uma nova era», em 1991

Lisboa, 18 set 2025 (Ecclesia) – O presidente do Serviço Nacional de Música Sacra, da Igreja Católica em Portugal, afirma que “ainda há” muitos estilos nas celebrações, que o “bem está”, por exemplo, na “qualidade dos atores da música”, que “não” estão num palco.

“A música litúrgica só quando contribui para que a oração aconteça é que efetivamente é litúrgica. Todos estes atores têm que estar a rezar, têm que ser cristãos conscientes e têm que ser homens de fé. Não é possível fazer música litúrgica se não estiver este ingrediente que é a fé”, disse o maestro Emanuel Pacheco, em entrevista à Agência ECCLESIA, esta quarta-feira, dia 17 de setembro.

O presidente do Serviço Nacional de Música Sacra, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), assinala que estar num coro a animar uma celebração “não é um palco de todo”, mas “é um ambiente de oração”, por isso, “nunca deve ser esse o pensamento presente”, quer nos elementos do coro, quer do “responsável desse mesmo coro”, porque “isso não se coaduna com aquilo que são os grandes princípios da liturgia”.

Segundo o professor Emanuel Pacheco (Diocese do Porto) hoje “ainda há” muitos estilos na música que é utilizada na liturgia, mas “as coisas estão claramente melhores”, e lembra, nos anos 70, “quando entrou tudo na Igreja, uma série de instrumentos que pouco ou nada tinham a ver”, mas, “ao longo do tempo, começando a ser filtrado”.

“Se as coisas estão claramente melhores, mas ainda se encontra muita coisa menos bem. O bem está, essencialmente, a dois níveis: Na qualidade dos atores da música, daqueles que são responsáveis, que muitos ainda, pouco mais é do que ‘Espírito Santo de orelha’, portanto, há pouca formação”, explicou.

O segundo nível desse “bem”, acrescentou o presidente do Serviço Nacional de Música Sacra, está “naquilo que é a música litúrgica”, e que “nem sempre é aquela que é adequada”, segundo os princípios conhecidos.

A Igreja Católica em Portugal dinamiza um Curso de Música Litúrgica, desde 1991, numa iniciativa do cónego António Ferreira dos Santos (Porto), que, continua, através do seu Secretariado Nacional de Liturgia (SNL), com o Serviço Nacional de Música Sacra.

“Aquela altura, muito menos do que agora, havia menos gente com formação capaz para, ao nível da música,  engrandecer a liturgia através da música. E daí aparece a necessidade de criar estes cursos”, explicou Emanuel Pacheco, no Programa ECCLESIA, desta quarta-feira, na RTP2.

Para o entrevistado, que é o diretor do Curso de Música Litúrgica, esta formação de três anos, que começou com 35 alunos, “foi claramente o início de uma nova era”, e sentiram “logo alguma diferença num e noutro sítio”.

O Curso de Música Litúrgica tem como objetivo preparar agentes de música da Igreja – organistas, salmistas, diretores de coro e animadores da assembleia – para o exercício responsável e consciente do seu ministério litúrgico, é articulado em três módulos (um módulo por ano), informa o SNL.

Emanuel Pacheco recordou que os três primeiros Curso de Música Litúrgica foram direcionados, especialmente, para diretores de coro e organistas, e, depois, acrescentaram a vertente dos salmistas; a nível dos conteúdos os alunos têm disciplinas específicas da sua área, “têm ainda uma outra disciplina teórica”, e há “duas disciplinas comuns a todos”, sobre “a história da música sacra e a liturgia, sem a qual este curso não faria sentido”.

Após um interregno de três anos, esta proposta formativa regressou para a sua 7.ª edição, em agosto deste ano de 2025, e teve 53 participantes, maioritariamente jovens, de 16 dioceses portuguesas (em 21), e alunos do Brasil e da Guiné-Bissau, na Domus Carmeli, em Fátima.

O primeiro módulo do 7.º Curso de Música Litúrgica vai terminar em fevereiro de 2026; esta formação realiza-se na segunda metade de agosto, e num fim de semana por ano, entre o Natal e a Páscoa, e no final de cada módulo há uma avaliação de conhecimentos e práticas adquiridas.

PR/CB/OC

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