Vigário-geral de Leiria-Fátima sublinha preparação conjunta e encontro de padres de seis dioceses
Fátima, 29 jan 2025 (Ecclesia) – O vigário-geral da Diocese de Leiria-Fátima, padre Armindo Janeiro, considera que as jornadas do clero das dioceses do centro do país são um exemplo “de caminhada sinodal” desde a preparação até ao culminar desta iniciativa.
“As jornadas do clero destas seis dioceses foram preparadas em conjunto e a sua realização é um trabalhar nesse caminho sinodal porque estamos juntos, pensamos juntos, rezamos juntos e convivemos juntos e isso cria suporte para o caminho e para os desafios”, disse à Agência ECCLESIA.
‘Comunicação da fé em tempos de mudança’ é o tema das jornadas do clero das dioceses do centro (Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e Viseu) que decorrerem de 28 a 30 deste mês, Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima.
Os participantes querem proporcionar “às novas gerações”, um espaço e experiências que “possam chegar a este encontro pessoal com Deus”, referiu o vigário-geral da Diocese de Leiria-Fátima.
“Esta mudança que estamos a assistir, que é cultural, que é um processo profundo, é um desafio para a Igreja, é uma oportunidade e não é vista de uma forma negativa, mas positiva”, acrescenta o padre Armindo Janeiro.
Ao perceber as dinâmicas “profundas” da atualidade, “com os seus limites e possibilidades”, a Igreja é convidada “a trabalhar e a investir neste espaço aberto”, afirma o sacerdote.
Em relação às redes sociais, a Igreja é convidada a fazer o “discernimento entre ideologia, verdade e experiência”.
“Sem barreiras, sem tabus, mas buscando sempre novas perguntas para que se abram novos desafios e haja novas respostas”, completa o entrevistado.
Já para o padre Jorge Castela, da Diocese da Guarda, vive-se na atualidade um “tempo pós-cristão”, porque as pessoas “não vivem a fé como se vivia há uns anos”.
“É verdade que a cristandade também nos trouxe uma conexão íntima com o poder político e não era isso que se pretende, mas, qualquer maneira, vivemos uma época em que o cristianismo pouco conta para a vida das pessoas e para os seus hábitos, as suas atitudes e os seus valores”, realçou o sacerdote da Diocese da Guarda, em declarações à Agência ECCLESIA.
Perante esta situação, o padre Jorge Castela reconhece que a Igreja “é mais cautelosa do que o mundo a avançar” e “não percebeu que à nossa volta as coisas mudam muito mais rápido e havia necessidade de dar mais respostas”.
Apesar de ter dados “passos pequeninos, passos de bebé”, a Igreja “está a caminhar e a pensar positivamente”.
“Espero que estes passos que estão a ser dados pela Igreja, em termos da sinodalidade, do mundo mais aberto, mais dialogante, mais participativo, mais inclusivo, que sejam passos que façam ser uma Igreja mais real, mais verdadeira, mais adequada aos tempos que vivemos”, finalizou o padre Jorge Castela.
As jornadas contaram, esta manhã, com duas conferências de Maria José Schultz, professora de Novo Testamento na Universidade de Deusto e no Seminário Diocesano de Vitória (Espanha).
“O objetivo da primeira conferência foi olhar para o modo de Jesus, seus gestos, olhares, sentimentos, emoções, palavras e ações que revelam o Reino de Deus, com o propósito de aprender com Ele. Compreender que a evangelização não é apenas uma missão a realizar, mas um estilo de vida e um olhar sobre a realidade que cada crente está chamado a integrar na sua própria vida”, indica uma nota enviada à Agência ECCLESIA pela organização do evento.
A segunda conferência, acrescenta o comunicado, “examinou como os discípulos de segunda geração conseguiram difundir a Boa Nova e quais os meios e recursos para dispor as pessoas a acolher Jesus e a sua palavra sobre o Reino de Deus”.
LFS/OC
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