Jornalista assinou obra sobre a religiosa e vidente de Fátima
Foto: Santuário de FátimaLisboa, 13 fev 2025 (Ecclesia) – O jornalista Paulo Aido, autor de uma obra sobre a vida e os ensinamentos da Irmã Lúcia (1907-2005), falecida há 20 anos, diz que a vidente de Fátima teve uma vida marcada pela “simplicidade” e atenção a todos.
“Se há um traço que nós podemos concluir do seu dedo, é que ela é uma pessoa extraordinariamente simples. O que é incrível, imaginando tudo o que ela passou. Ela foi uma das três videntes de Fátima”, refere, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O colaborador da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), destaca as décadas que a religiosa viveu em clausura, no Mosteiro de Santa Teresa, em Coimbra, onde morreu a 13 de fevereiro de 2005.
“Era uma pessoa extraordinariamente humilde e assumia no dia-a-dia o seu trabalho, digamos, como a sua própria missão”, indica Paulo Aido.
Evocando uma figura com “papel absolutamente essencial na história da Igreja, na história de Portugal, na história da humanidade” das últimas décadas, o autor mostra-se impressionado pelo facto de a Irmã Lúcia ter sido sempre “uma pessoa extraordinariamente simples”.
“Temos aqui uma pessoa que poderia ter um estatuto absolutamente único na vida deste mosteiro, mas que se reduzia à maior insignificância e que procurava assumir e viver as pequenas tarefas do dia-a-dia como as tarefas importantes que ela deveria fazer”, assinala o entrevistado.
Ela dava importância a todas as pessoas com quem se cruzava, respondia a todas as cartas que lhe iam parar, procurava ser solícita com tudo, era uma pessoa simples, extraordinária”.
Autor de um livro sobre as imagens, mensagens e orações da última vidente de Fátima, Paulo Aido sublinha a curiosidade que encontrou, relativamente a esta figura, que “dedicou toda a sua vida a dar a conhecer esta mensagem, a falar do que aconteceu”.
A obra viria a ganhar várias fotografias, com imagens que retratam a vida quotidiana da Irmã Lúcia, um trabalho que contou com a colaboração de uma jovem religiosa, hoje a madre superiora do Carmelo de Coimbra, a irmã Ana Sofia.
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O entrevistado recorda uma das imagens, em que a Irmã Lúcia surge ao teclado da máquina de escrever, com óculos, para tratar da sua correspondência.
“E uma das coisas a que se dedicava horas e horas, responder às cartas. Ela recebeu milhares de cartas ao longo de toda a vida e respondeu praticamente a todas”, relata o autor.
A venerável Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado (Lúcia dos Santos) nasceu a 28 de março de 1907 em Aljustrel (Fátima, Portugal).
Em 1915, enquanto levava o rebanho da família a pastar, recebeu três vezes a aparição silenciosa do Anjo da Paz, visão que se repetiu em 1916, quando se encontrava na companhia dos seus primos, os Santos Francisco e Jacinta Marto.
Em 1917, nos dias 13 de maio, junho, julho, setembro e outubro (em agosto, no dia 19), a Virgem Maria apareceu aos três pastorinhos, na Cova da Iria.
O decreto da Santa Sé, quem em 2023 reconheceu as virtudes heroicas da Irmã Lúcia – uma etapa decisiva para a beatificação, que depende agora do reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão – refere que, durante toda a sua vida, a vidente “viveu com empenho a mensagem da Mãe de Deus”.
“Após a morte prematura dos seus dois primos, permanece em Fátima até 1921, altura em que, por intervenção de D. José Alves Correia, que se encarregou de a proteger, Lúcia ingressa no Colégio das Irmãs Doroteias de Vilar (Porto). Aqui adota o nome de Maria das Dores com o intuito de não revelar a sua verdadeira identidade”, refere o texto.
A 24 de outubro de 1925 entrou como postulante no mesmo Instituto religioso, em Tui, Espanha, fazendo a profissão temporária a 3 de outubro de 1928 e a profissão perpétua a 3 de outubro de 1934.
No período de 1935 a 1941, por ordem de D. José Alves Correia da Silva, bispo de Leiria, escreve quatro documentos, intitulados “Memórias”, onde descreve os factos das Aparições, vividas e recebidas na companhia de Francisco e Jacinta.
A 3 de janeiro de 1944, redige outro documento, contendo o chamado “terceiro segredo” e, em envelope fechado, entrega-o a D. José Alves Correia da Silva, que, por sua vez, sem o ler, o remete ao Santo Ofício, em Roma.
Em 1946 regressa a Portugal, à comunidade doroteia do Colégio do Sardão, em Vila Nova de Gaia.
“Desejosa de viver mais intensamente a sua vocação, em 1948, decidiu entrar no Carmelo de Coimbra, onde emitiu os votos solenes a 31 de maio de 1949. Aqui viveu a sua vida segundo os ritmos monásticos de oração e trabalho, desenvolvendo também uma intensa atividade epistolar, na qual dava sábios conselhos espirituais e promovia obras de caridade”, refere o Vaticano.
A 13 de maio de 1967, deslocou-se a Fátima para se encontrar com São Paulo VI, tendo feito o mesmo em 13 de maio de 1982, 13 de maio de 1991 e 13 de maio de 2000 para se encontrar com São João Paulo II.
Faleceu a 13 de fevereiro de 2005, no Mosteiro de Santa Teresa, em Coimbra; em 2006, os seus restos mortais foram trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima.
“O silêncio e a discrição caracterizam as suas experiências de vida religiosa. Era generosa para com os necessitados, para os quais fazia obras de caridade através de pessoas a quem as confiava, de tempos a tempos. A riqueza do seu perfil espiritual está intimamente ligada ao acontecimento e à Mensagem das Aparições, para a qual manteve sempre o desejo de cumprir a missão de a guardar e difundir”, assinala o decreto da Congregação para as Causas dos Santos.
OC