Igreja/Portugal: Grupo VITA avalia 61 pedidos de compensação financeira, falando em momento de «verdadeira reparação»

Organismo foi contactado por 124 vítimas de abusos, desde maio de 2023

Foto Agência ECCLESIA/CB

Lisboa, 05 mar 2025 (Ecclesia) – O Grupo VITA, que acompanha situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis na Igreja Católica, está a avaliar 61 processos de compensação financeira, esperando concluir os processos até final de junho.

“O Grupo VITA, em articulação com os diversos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (IVCSVA) e a Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis iniciou, ainda no final de 2024, as entrevistas junto das pessoas que solicitaram a atribuição de uma compensação financeira”, refere a coordenadora do organismo, Rute Agulhas, em nota enviada à Agência ECCLESIA.

Num universo de 61 pedidos efetuados até ao momento, foram já avaliadas 27 pessoas, em diversas zonas do país, indica a responsável, acrescentando que “as restantes situações serão avaliadas até ao final do próximo mês de junho”.

A 1 de junho de 2024, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) deu início ao período de “apresentação formal” dos pedidos de compensação financeira às crianças e adultos vulneráveis que foram vítimas de abusos sexuais, no contexto da Igreja Católica, que devem ser apresentados formalmente por escrito, até 31 de março, junto do Grupo VITA ou da Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis onde terão ocorrido os factos.

Rute Agulhas sublinha o “feedback positivo” das pessoas com quem o Grupo esteve, realçando que “se sentiram acolhidas e escutadas.

“Para algumas destas pessoas, o momento da entrevista com a Comissão de Instrução tem ainda sido descrito como um momento de verdadeira reparação”, indica.

Reforçamos que as entrevistas realizadas pela Comissão de Instrução não têm sido sentidas como momentos negativos de revitimização e apelamos a todos aqueles que desejem integrar este processo que contactem o Grupo VITA ou a estrutura da Igreja respetiva (IVCSVA ou Comissão Diocesana). O prazo limite estabelecido para a formalização destes pedidos é o dia 31 de março, pese embora pedidos subsequentes possam ainda vir a ser tidos em conta”.

Em paralelo, o Grupo VITA mantém “ações de sensibilização e capacitação junto das diversas estruturas eclesiásticas”, dirigidas a padre, diáconos, catequistas, professores de Educação Moral e Religiosa Católica, agentes pastorais e elementos de IPSS.

Já foram abrangidas mais de metade das Dioceses portuguesas e também alguns Institutos Religiosos, estando novas ações agendadas para breve.

Rute Agulhas assinala que “cada vez mais, diversas entidades da sociedade civil solicitarem a colaboração do Grupo VITA em ações dirigidas a diferentes públicos-alvo, sejam crianças e jovens, sejam professores e outros profissionais”.

Desde que iniciou funções, o Grupo VITA abrangeu já um total de mais de 3300 pessoas nestas ações de capacitação.

Encontram-se ainda a decorrer dois estudos de investigação, associados à construção de dois programas de prevenção primária do abuso sexual infantil, que serão apresentados publicamente durante 2025.

“O investimento no desenvolvimento de programas de prevenção primária universal justifica-se, na medida em que sabemos que as crianças e jovens que são envolvidos de forma ativa neste tipo de programas revelam um aumento de conhecimentos e de competências que potenciam a probabilidade de reconhecerem e revelarem uma eventual situação abusiva mais cedo”, sublinha a coordenadora.

Desde o início de funções, em maio de 2023, o Grupo VITA foi contactado por 124 vítimas de violência sexual no contexto da Igreja, que “procuram um momento de escuta e acolhimento, sendo o apoio psicológico aquele que é mais frequentemente solicitado”.

OC

Desde janeiro de 2021, a Igreja Católica em Portugal tem novas diretrizes para a “proteção de menores e adultos vulneráveis”, sublinhando uma atitude de vigilância nas várias atividades pastorais e de colaboração com as autoridades.

Durante o ano de 2022, a CEP pediu um estudo sobre casos de abuso sexual na Igreja em Portugal nos últimos 70 anos a uma Comissão Independente, que validou 512 testemunhos relativos a situações de abuso, que seria apresentado em fevereiro de 2023.

A22 de maio de 2023, a Conferência Episcopal Portuguesa criou o Grupo Vita para acolher denúncias de abuso, trabalhar na prevenção e acompanhar vítimas e agressores.

Os pedidos de ajuda dirigidos ao Grupo VITA podem ser encaminhados para a linha de atendimento telefónico 915 090 000 ou através do formulário para sinalizações disponível no site www.grupovita.pt.

 

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