Igreja/Portugal: Fundação Fé e Cooperação dinamiza formação para voluntariados missionários

Catarina António adianta que a organização não-governamental está a desenvolver também um curso online para «dar mais e melhores ferramentas aos voluntários»

Lisboa, 09 jan 2025 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC), Organização Não-Governamental da Igreja Católica em Portugal, vai dar início à formação anual de voluntários missionários, “importante e fundamental para quem quer ir para a missão”, com 17 participantes, dias 11 e 12 de janeiro, na Casa de Saúde do Telhal.

“A formação é importante e fundamental para quem quer ir para a missão, neste caso, grande parte para países, para os PALOP, para Timor-Leste, enfim, cada vez partem para destinos mais diversificados, mas é sempre um país diferente e uma cultura diferente. E, durante este tempo de formação, pretendemos que criem laços entre os mais diversos grupos”, disse Catarina António, gestora de projetos da FEC, em declarações à Agência ECCLESIA.

A responsável pela Rede de Voluntariado Missionário de Portugal, que conta com 60 organizações, explica que, habitualmente, no princípio e no fim do ciclo de formação fazem a pergunta ‘porque é que partes?’, e a resposta da primeira sessão para a última “não é igual porque já houve um crescimento”.

“Ter noções básicas, por exemplo, de cooperação para o desenvolvimento, de espiritualidade, também conhecer os documentos que orientam a ação da Igreja, escritos pelo Papa ou por outros membros, ter noção das culturas, das diversas culturas e das diversas religiões que vão encontrar, trabalhar em grupo, ou seja, relações humanas e a vida em grupo, e também esta questão da dádiva cristã”, desenvolveu.

A formação do voluntariado missionário 2025 vai começar, este sábado e domingo, dias 11 e 12 de janeiro; a primeira sessão tem como tema ‘Voluntariado Missionário e Espiritualidade’, que vai ser desenvolvido pelo professor universitário Juan Ambrósio, na Casa de Saúde do Telhal, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus.

“Temos 17 pessoas inscritas, já tivemos anos com 50, nos anos de pandemia a formação foi adaptada para online, e tínhamos 30, 35. Agora, estamos a recomeçar e achamos sempre que na primeira sessão vêm alguns elementos dos grupos que depois vão falar aos outros, vai aumentando e, na última sessão, são sempre menos, porque são os que de facto irão partir”, explicou Catarina António.

A Igreja Católica está a viver o Ano Santo 2025 – o seu 27.º jubileu ordinário – celebração que acontece a cada 25 anos -, com o tema ‘Peregrinos da Esperança’, segundo a entrevistada, o jubileu “vai estar presente em todas as sessões”, porque “a questão da esperança é transversal a esta rede de voluntariado”, e a todo o trabalho que a FEC desenvolve, ONGD que está a celebrar 35 anos.

Segundo o programa da formação do voluntariado missionário, publicado no sítio online da Fundação ‘Fé e Cooperação’, estão agendadas mais quatro sessões teóricas, até ao mês de maio, que pode terminar com uma atividade prática de missão, porque “é importante no fim de ter a teoria pôr as mãos na massa”, mas vai depender do grupo de formação.

2ª Sessão Cooperação para o Desenvolvimento 15 e 16 de fevereiro, Fátima
3ª Sessão Missão, Culturas e Religiões 15 e 16 março, Fátima
4ª Sessão Relações Humanas e Vida em Grupo 12 e 13 de abril, Leiria
5ª Sessão Desenvolvimento Humano e Dádiva Cristã 17 e 18 de maio, Braga

A responsável pela Rede de Voluntariado Missionário de Portugal explica que as sessões vão tendo formadores diferentes, “especializados nesses temas, professores, investigadores, padre, “não por serem padres, mas porque tiveram muitos anos em missão, viveram muitos anos em culturas e em religiões diferentes”.

“Todos têm esta ligação à missão e à Igreja, esta é a questão comum. Mas tentamos que sejam formadores de excelência, alguns vão mudando de ano para ano, outros já estão connosco desde 2002, quando nasceu a Rede de Voluntariado Missionário, mas tentamos que sejam especialistas nestes temas que trabalhamos”, acrescentou Catarina António.

A Fundação Fé e Cooperação está também a desenvolver um curso digital de voluntariado missionário, com a organização internacional WCIA (Welsh Centre for International Affairs), do País de Gales, que vão “lançar quase no final do ano de formação, uma ferramenta online, que vai alojar os conteúdos, para quem “não têm a oportunidade de estar nas sessões presenciais”.

“Enquanto ONGD, sentimos a necessidade de também obter mais know-how e de trabalhar com organizações a nível europeu para poder dar mais e melhores ferramentas também aos voluntários. Continuamos a privilegiar a sessão presencial, e no nosso caso concreto de Portugal e dos nossos voluntários, membros desta rede, continua-se a privilegiar o presencial”, explicou Catarina António.

CB/OC

Desde 2002, a Fundação ‘Fé e Cooperação’ dinamiza a Rede de Voluntariado Missionário e divulgou, em dezembro, que 267 portugueses dedicaram-se a ações de voluntariado missionário, em 2024, números das partidas entre 1 de janeiro e 31 de dezembro do ano civil, “alguns continuam a missão este ano”: 106 jovens e adultos realizaram projetos em países em vias de desenvolvimento, e 161 desenvolveu atividades em Portugal.

Sobres estes números, a responsável pela Rede de Voluntariado Missionário de Portugal contextualiza que consideram que “é um período de recomeço de pós-pandemia, apesar de já terem passado alguns anos”, as pessoas perderam empregos, a Europa que “a passar sérias dificuldades”, em África, por exemplo, Moçambique, território de missão vive um contexto particular.

A Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) da Igreja Católica em Portugal explica que ‘Voluntariado Missionário’ é uma das muitas expressões que o voluntariado pode assumir, distingue-se pela sua génese cristã-católica do voluntariado internacional para a cooperação.

“O voluntário missionário tem um extra ao voluntário internacional, que é a fé. E é importante que se cimente esta fé e que se perceba que não partem em nome individual, partem em nome de um grupo que os envia, mas também partem em nome de uma Igreja que é global”, realça Catarina António.

Os projetos e ações missionárias noutros países e continentes são sobretudo para a África lusófona, o Brasil (América) e Timor-Leste (Ásia), as organizações desenvolvem projetos, de longa e curta duração, ou mista, em áreas, como educação, saúde, animação juvenil e comunitária, formação pastoral, construção de infraestruturas, agricultura, empreendedorismo.

 

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