Igreja/Portugal: Forças de Segurança são «essenciais» para a convivência pacífica numa sociedade multicultural – D. Sérgio Dinis

Novo Bispo vai conhecer realidade inédita, no acompanhamento de militares e polícias, para os quais pede melhores condições

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Vila Real, 11 jan 2025 (Ecclesia) – O novo bispo das Forças Armadas e de Segurança considera que o papel de militares e polícias é “essencial” para a convivência pacífica no país, pedindo melhores condições para estes profissionais.

“É essencial que as Forças de Segurança nos ajudem a todos a uma convivência pacífica, na diversidade que vai ser a nossa sociedade. Que ninguém tenha dúvidas de que a nossa sociedade é cada vez mais plural, quer do ponto de vista étnico, quer do ponto de vista cultural e vista religioso, mas vivemos num Estado de Direito, que todos temos de respeitar”, refere D. Sérgio Dinis, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O responsável foi nomeado para liderar o Ordinariato Castrense em novembro de 2024, pelo Papa Francisco, sucedendo nesta missão a D. Rui Valério, atual patriarca de Lisboa.

Questionado sobre o decréscimo de candidatos às forças de segurança, que se tem verificado nos últimos anos, D. Sérgio Dinis começa por destacar “o esforço muito grande por tornar as carreiras atrativas”.

O novo bispo entende, no entanto, que esta valorização é ainda “insuficiente”, acrescentando que a questão não se esgota nas carreiras, mas deve ter em conta “as condições de vida que são propostas a um profissional”.

“Imaginemos um jovem que vem do Interior para Lisboa, onde tem de pagar uma renda com o ordenado que recebe: é atrativo ser-se polícia hoje? Sabendo que terá de ali viver alguns anos?” questiona.

Será que as esquadras têm as condições necessárias para que o profissional ali possa trabalhar e descansar, regressando depois à sua residência, a 100 quilómetros, onde a habitação é mais acessível?”.

Perante intervenções públicas que têm questionado a ação das Forças de Segurança, D. Sérgio apela ao “respeito” que é devido pelos partidos políticos a qualquer setor da sociedade.

“É necessário respeitar e salvaguardar a sua autonomia, é lamentável tentar retirar dividendos políticos do agir de instituições tão nobres e importantes, elas não podem ser arma de arremesso dos políticos”, refere o responsável católico.

Neste Jubileu de 2025, dedicado pelo Papa à esperança, o entrevistado quis lembrar as mulheres e homens que servem as Forças Armadas e de Segurança “que vivem um certo desencanto até pela própria profissão”, para eles é preciso levar a esperança.

“Não apenas a esperança num futuro promissor, mas a esperança que nasce dentro, a esperança da fé, da confiança em Deus” sublinha.

D. Sérgio Dinis vai ser ordenado bispo a 26 de janeiro, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Vila Real, diocese da qual é originário.

O responsável reconhece o “mundo novo” que tem pela frente, assumindo “disponibilidade para aprender”.

“O bispo tem que fazer o que Jesus Cristo fazia, é caminhar com as pessoas, estar ao lado delas e falar-lhes com a própria vida”, assinala o responsável, que nos últimos 28 anos foi pároco de Murça, na Diocese de Vila Real.

A entrevista vai ser emitida este domingo, no Programa ‘70×7’, pelas 17h30 na RTP2.

HM/OC

D. Sérgio Manuel Ribeiro Dinis nasceu a 8 de maio de 1970 em Ermelo, concelho de Mondim de Basto, Diocese de Vila Real; depois de frequentar o Colégio Salesiano de Poiares, foi aluno do Seminário de Vila Real e do Seminário Maior do Porto.

O novo bispo obteve a Licenciatura em Teologia na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto; obteve ainda a Licenciatura em Direito Canónico na Universidade Pontifícia de Salamanca (Espanha).

Sacerdote desde 17 de julho de 1994, incardinou-se na Diocese de Vila Real, onde iniciou o seu ministério pastoral como secretário do então bispo diocesano, D. Joaquim Gonçalves (1993-1996).

Desde 1996 até hoje foi pároco da Paróquia de Santa Maria Maior, em Murça; a partir de 1998 assumiu também a Paróquia de Nossa Senhora da Anunciação, em Noura.

O novo bispo foi ainda pároco de Santa Maria Madalena, em Candedo; de Nossa Senhora da Purificação, em Fiolhoso (1996-1998); e de São Sebastião, em Pópulo (1996-2014).

Em Vila Real desempenha funções de juiz do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano, arcipreste do Arciprestado Douro II, capelão da Santa Casa da Misericórdia de Murça, sendo membro do Colégio de Consultores, do Conselho Presbiteral e do Conselho de Pastoral da Diocese.

O Ordinariato Castrense de Portugal é assim designado a partir de 1986, com a Constituição Apostólica ‘Spirituali Militum Curae’’; 1966 e 2000, tratava-se de um setor pastoral a cargo do patriarca de Lisboa.

Através do decreto n.º 387/87, de 17 de março de 2001, João Paulo II decidiu anuir ao pedido formulado pela Conferência Episcopal Portuguesa, separando o múnus do Ordinariato Castrense de Portugal do de patriarca de Lisboa.

Pertencem ao Ordinariato Castrense e estão sob a sua jurisdição todos os fiéis militares e também aqueles que, por vínculo da lei civil, se encontram ao serviço das Forças Armadas; são também setores integrantes as Forças de Segurança, ou seja, a Guarda Nacional Republicana e a Polícia de Segurança Pública.

O Serviço de Assistência Religiosa das Forças Armadas e das Forças de Segurança foi regulamentado em 2009, na sequência da Concordata assinada entre Portugal e a Santa Sé em 2004, sendo constituído pela Capelania Mor e pelos centros de assistência religiosa da Armada, do Exército, da Força Aérea, da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública.

 

 

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