«Estes jovens têm voz, visão e vontade de transformar a Igreja com alegria e coragem», destaca Pedro Carvalho, diretor do DNPJ

Lisboa, 30 mai 2025 (Ecclesia) – O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, da Conferência Episcopal Portuguesa, reuniu 26 jovens de dioceses e movimentos no encontro ‘Todos vão ouvir a nossa voz!’, onde “dialogaram sobre o presente e o futuro da Igreja”, no sábado, em Braga.
“Saímos de Braga com a esperança renovada. Este encontro não foi apenas para escutar, foi para iniciar um caminho. Os jovens falaram com verdade e paixão. Estes jovens têm voz, visão e vontade de transformar a Igreja com alegria e coragem”, destacou o diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.
O DNPJ congregou 26 jovens, provenientes de várias dioceses e movimentos de pastoral juvenil, no encontro ‘Todos vão ouvir a nossa voz’, na manhã de sábado, uma iniciativa que se realizou paralelamente ao conselho nacional deste setor que teve lugar nos dias 23 e 24 de maio, em Braga.
Os jovens, com idades entre os 18 e os 28 anos, participaram em quatro mesas temáticas — Espaço Digital, Espaços Físicos, Sonhos e Visões, Espaço dos Jovens na Igreja — e, segundo o DNPJ, apresentaram ao Conselho Nacional da Pastoral Juvenil “contributos valiosos que mostram vontade de compromisso e desejo de transformação”.
“É impossível não nos sentirmos contagiados com esta força. Vamos transformar esta escuta em caminho. Este é o tempo de caminhar juntos, lado a lado, como geração que constrói”, acrescentou Pedro Carvalho, o diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.
Para Jacinta Meira, da Diocese de Viana do Castelo, este encontro revelou-se uma oportunidade “profundamente enriquecedora de escuta e partilha” entre vários jovens “comprometidos com o futuro da Igreja”, “um verdadeiro espaço de sinodalidade”.
“As reflexões deram lugar à esperança, mas também à responsabilidade de propor caminhos concretos para o futuro. Foi interessante perceber a sintonia entre todos nós, jovens, quanto aos desafios que enfrentamos e às soluções a adotar”, desenvolveu.
Da Diocese de Lamego, Erlando Firmino sublinha que, apesar das distâncias, “as ideias e desafios são muito semelhantes em todo o país”, e, deste encontro de reflexão juvenil, “ficou claro que há um verdadeiro empenho em continuar a trabalhar para o bem da Igreja”.
“O encontro ‘Todos vão ouvir a nossa voz’ fez-me acreditar, de novo, que há futuro. Ver tantos jovens a dar vida à fé, com coragem e verdade, foi emocionante. Mostrou que a Igreja precisa de se abrir, confiar mais em nós, deixar-nos errar, aprender e assumir responsabilidades.” – Rita Prazeres, Diocese de Leiria-Fátima
O Conselho Nacional da Pastoral Juvenil refletiu sobre os desafios “a enfrentar na missão com, por e para os jovens”, com representantes dos serviços diocesanos, movimentos, institutos, congregações e associações juvenis, líderes juvenis todo o país.
O DNPJ convidou vários oradores, de diferentes áreas temáticas, nomeadamente, o presidente do Conselho Nacional de Juventude, André Cardoso, e o coordenador do Programa de Aceleração do Human Power Hub de Braga, Carlos Sousa Santos, o padre Rui Alberto (salesiano), especialista em pastoral juvenil, a coordenadora do Grupo VITA, Rute Agulhas, e o padre Paulo Terroso, sobre “uma Igreja Sinodal”.
CB/OC
Após o encontro ‘Todos vão ouvir a nossa voz!’, e antes de apresentarem as suas reflexões e propostas aos responsáveis de Pastoral Juvenil, um representante de cada grupo partilhou as principais conclusões com a Agência ECCLESIA. Gabriel Santiago, da Diocese de Aveiro, apresentou no Conselho Nacional de Pastoral Juvenil “sonhos e visões” dos jovens para a Igreja Católica, lembrando que há “dois grupos de jovens”: os que em agosto de 2023 encheram o parque Tejo, na Jornada Mundial da Juventude, e “os jovens que neste momento estão afastados da Igreja e não se conseguem rever na Igreja atual”. A discussão entre os jovens levou à apresentação de “uma Igreja acolhedora, que dê valor aos jovens, que lhes atribua a confiança que precisam nesta fase da vida, que lhes dê responsabilidade em órgãos decisores”. Confiança, empatia e responsabilidade são atitudes propostas para a Igreja Católica no seu relacionamento com os jovens A respeito da comunicação, Mariana Dores, da Diocese de Beja, lembrou que a Igreja em Portugal “tem propostas muito boas”, mas “falta um sítio onde esteja tudo unido”. O diálogo entre os jovens valorizou os projetos que resultam do seu trabalho, “com muitas competências artísticas, com muitas ideias”, afirmando a necessidade de um portal nacional onde seja possível consultar horários de “todas as eucaristias, os grupos de jovens que existem” e até os “campos de férias e datas a nível nacional”, assim como indicação de locais com propostas de conteúdos para rezar. Jacinta Meira, da Diocese de Viana do Castelo, apresentou no conselho propostas de espaços físicos na Igreja Católica que promovam o encontro, a pertença e a criatividade, notando que os jovens que não têm ligações a grupos ou movimentos sentem necessidade desses ambientes para “partilhar as suas questões de vida, os questionamento da fé”. “Todos conseguimos apontar um sítio que a diocese tem e que não está a ser tão bem aproveitados e que pode ser utilizado para esta finalidade”, afirmou Jacinta Meira, referindo-se às intervenções dos jovens de várias proveniências que participaram neste grupo de diálogo, que sugeriu também a promoção de formas de vida “mais ecuménicas”, valorizando nomeadamente a possível partilha de jovens imigrantes. Miguel Cascalheira, da Diocese de Beja, referiu-se ao “lugar dos jovens na vida e missão da Igreja”, denunciando projetos que convocam os jovens apenas para fazer tarefas. “Queremos ser os jovens que trilham um caminho e que não são o futuro, mas começam já a construir o futuro”, afirmou, apontando para a necessidade de “formação e escuta” dos jovens, num exercício de sinodalidade, nomeadamente sobre temas que ajudem os jovens a se sentirem “confiantes para construir o futuro”. |
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