«Na nossa catedral não havia qualquer referência que testemunhasse a proteção do nosso padroeiro, o mártir São Vicente» – D. Manuel Quintas
Faro, 14 nov 2023 (Ecclesia) – O bispo do Algarve anunciou que a diocese pediu ao Patriarcado de Lisboa a cedência de relíquias de São Vicente, patrono comum, para que “testemunhasse a proteção do padroeiro”, na catedral.
“Chegámos a um entendimento para nos cederem alguma parte dessas relíquias, também em sinal de comunhão eclesial. Temos uma relíquia em Vila do Bispo, mas aqui na nossa catedral não havia qualquer referência que testemunhasse a proteção do nosso padroeiro, o mártir São Vicente”, disse D. Manuel Quintas, este domingo, na Sé de Faro, informa o jornal ‘Folha do Domingo’.
O bispo do Algarve adiantou que o pedido da cedência de uma relíquia “foi aprovado” e será entregue à diocese “uma relíquia tirada dos restos mortais de São Vicente”, que vai ser colocada no “altar das relíquias” da catedral, com o objetivo de “venerar e invocar ainda mais a proteção de São Vicente” e imitá-lo “como modelo de fé e de testemunho cristão”.
O pedido da Diocese do Algarve, ao Patriarcado de Lisboa, foi dirigido no contexto das celebrações comemorativas dos 850 anos da chegada das relíquias de São Vicente à capital, que estão a ser promovidas pelo Cabido da Sé.
“Esta oportunidade moveu-nos (a mim e ao deão do Cabido da nossa Catedral) a dirigir-vos este pedido que, no caso de vos ser possível atender, constituiria, para a Igreja no Algarve, um gesto de profunda «comunhão eclesial», já que temos São Vicente como nosso patrono comum. Como na nossa catedral não temos qualquer relíquia de São Vicente, seria para nós motivo de grande alegria se vos fosse possível a «partilha» duma relíquia sua, no contexto das celebrações previstas para este ano comemorativo”, escreveu D. Manuel Quintas, no pedido realizado à Diocese de Lisboa, no início de outubro.
O bispo do Algarve explicou que a igreja paroquial de Vila do Bispo “conserva uma pequena relíquia” de São Vicente, o município de Vila do Bispo comemora o seu feriado a 22 de janeiro, quando a Igreja Católica celebra a memória deste santo, mas salientou que a Igreja diocesana sente “a falta de uma referência tão expressiva e significativa” do padroeiro na catedral.
Para D. Manuel Quintas este gesto poderá “fortalecer a fé e o testemunho do povo cristão algarvio”, inclusive dos cristãos da Igreja Anglicana que assumiram São Vicente como patrono da sua Capelania no Algarve”, explicou na Missa de ordenação de um novo sacerdote, informa o jornal ‘Folha do Domingo’.
Vicente, um jovem diácono da Igreja de Saragoça, morreu mártir em Valência, Espanha, no ano de 304, durante a perseguição aos cristãos, depois de sofrer torturas.
Segundo Prudêncio, um poeta cristão da antiguidade, os restos mortais de Vicente foram mandados lançar aos pântanos, fora dos muros da cidade, para que fossem devorados por animais, mas os seus restos foram protegidos por corvos, que impediram a profanação do corpo.
A tentativa de recuperação do corpo foi ordenada por D. Afonso Henriques, que mandou construir o Mosteiro de São Vicente de Fora em 1147, no cumprimento de um voto dirigido a São Vicente pelo sucesso da conquista de Lisboa aos mouros.
O corpo do mártir chega a Lisboa no dia 15 de setembro de 1173 e é depositado em Santa Justa. No dia seguinte é trasladado para o altar-mor da Sé e do Algarve chega tudo o que pertencia ao mártir.
CB/OC
