Igreja/Portugal: D. Rui Valério lamenta falta de «entendimento» para evitar eleições

Patriarca de Lisboa fala numa «forma de responsabilizar os cidadãos», após decisão do presidente da República

Foto: Lusa

Lisboa, 14 mar 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa lamentou hoje que tenha sido impossível encontrar um “entendimento” entre partidos políticos para evitar a queda do Governo e a convocação de novas eleições legislativas.

“Eu sou daqueles que acreditam profundamente no diálogo, que acreditam de que uma boa conversa nos pode transportar e conduzir a portos inesperados. Lamento que isso não tenha sido possível”, disse D. Rui Valério à Agência ECCLESIA.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou esta quinta-feira uma nova dissolução do parlamento nacional e a convocação de eleições antecipadas; o chefe de Estado já tinha dissolvido a Assembleia da República em dezembro de 2021 e em 9 de novembro de 2023.

“As eleições, umas eleições, para além de serem sinal de democracia a funcionar, são também uma forma de responsabilizar os cidadãos”, referiu D. Rui Valério.

O patriarca de Lisboa admitiu, no entanto, “alguma amargura e até tristeza” por verificar que “não foi possível o entendimento” na Assembleia da República.

“Não estou aqui a apontar o dedo absolutamente a ninguém”, acrescentou, advertindo para as dificuldades geradas pelo atual contexto internacional “tão turbulento”, onde “há uma guerra que está a deflagrar”.

O responsável católico entende que teria sido preferível “chegar a um diálogo, a um consenso, a um acordo em que as dificuldades fossem resolvidas e fossem superadas”.

“A guerra não é só aquela produzida pelas bombas e pelos mísseis, seja na Ucrânia, seja no Médio Oriente, estou a referir-me aqui a uma certa luta ética que está em ato. E, efetivamente, há aqui uma sobreposição e contraposição de propostas sobre o que é o ser humano e de perspetivas para a própria humanidade”, concluiu.

Na sequência de notícias envolvendo a Spinumviva, empresa familiar do primeiro-ministro Luís Montenegro, e da intenção do Partido Socialista criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o tema, o Governo avançou com uma moção de confiança, que viria a ser rejeitada, o que provocou a demissão do Executivo e a dissolução da Assembleia da República.

Após consultar o Conselho de Estado, nesta quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa convocou novas eleições para o dia 18 de maio.

OC

Partilhar:
Scroll to Top