D. Nuno Isidro e D. Alexandre Palma, auxiliares do Patriarcado, foram ordenados no Mosteiro dos Jerónimos
Lisboa, 21 jul 2024 (Ecclesia) – O patriarca D. Rui Valério presidiu hoje à ordenação episcopal de D. Nuno Isidro e D. Alexandre Palma, auxiliares de Lisboa, que convidou a “sentir a alma dos mais simples, dos mais pobres, dos excluídos”.
“Quando se sobe às alturas, tudo favorece para, com os presbíteros e por eles, chegar a todos. Sim, a todos, mas com um olhar especial aos mais frágeis e pobres. E não é sequer uma questão de justiça, mas de amor”, referiu, na homilia da Missa que decorreu no Mosteiro dos Jerónimos.
A intervenção, perante centenas de pessoas, incluindo o núncio apostólico, cardeais e mais de 20 bispos de várias dioceses, apresentou o Patriarcado como um “imenso campo” que espera o “anúncio de Cristo Vivo”.
“Viver em Cristo, estar enxertados nele, não significa fugir do mundo, significa, sim, estar no mundo, mas na maneira mais bela e no modo mais útil. É necessário olhar o céu para ser capaz de ver a terra; é indispensável contemplar o mistério da cruz, para descobrir o serviço aos homens e mulheres do nosso tempo”, disse D. Rui Valério.
O responsável desafiou os novos bispos a “carregar o peso das situações trágicas” do mundo”, com a confiança de que “quer a Igreja, quer a história da humanidade estão nas mãos dóceis e ternas de Cristo”.
Os cardeais D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa, e D. José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé), foram os bispos co-ordenantes.
“Caros D. Nuno e D. Alexandre, sereis investidos do dom incomensurável de uma nova paternidade que, em união com Cristo, inspirará a vossa maneira de pensar e de agir, e determinará o vosso modo de amar; iluminará a forma de olhar o santo povo de Deus, o clero e a vida desta diocese que vos acolhe agradecida”, declarou D. Rui Valério.
O nosso ministério não depende tanto das nossas qualidades, que, no entanto, são sempre um importante instrumento; nem tão pouco depende da oferta da nossa vida pelos outros; acima de tudo, depende da dádiva do nosso coração a Deus”.
Antes da homilia decorreu a apresentação dos eleitos, com a leitura do mandato apostólico.
A liturgia da ordenação inclui a imposição das mãos e a unção da cabeça dos eleitos, a entrega do livro dos Evangelhos e das insígnias episcopais – o anel, a mitra e o báculo.
D. Nuno Isidro Cordeiro, de 59 anos, e D. Alexandre Palma, de 45 anos, foram nomeados auxiliares de Lisboa, pelo Papa Francisco, a 14 de junho; são membros do clero de Lisboa e pertencem à equipa formadora do Seminário Maior de Cristo-Rei dos Olivais.
Os responsáveis passam a integrar a equipa episcopal de Lisboa, com o patriarca D. Rui Valério e D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar.
No final da Missa, os dois novos bispos deixaram mensagens de agradecimento, evocando as pessoas e instituições que os acompanharam ao longo da sua vida. D. Nuno Isidro afirmou que o “temor perante a grandeza do mistério, e a fragilidade pecadora do servidor, não ofuscam a felicidade da entrega ao serviço”, manifestando o desejo de se apresentar como “bênção para todos”. O responsável manifestou “gratidão e confiança” ao Papa Francisco, esperando “corresponder com fidelidade à guarda do depósito da fé”. D. Alexandre Palma, por sua vez, assumiu como projeto episcopal “fazer caminho”, como Jesus caminhou, “levando todo o mundo em si e levando todo o mundo consigo”. O responsável saudou ainda as autoridades presentes, que convidou a trabalhar em conjunto pelo “bem comum”. O novo presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 referiu ainda o objetivo de “fazer muito bem a muitos jovens”. |
Lisboa, onde a presença da Igreja remonta aos primeiros séculos do Cristianismo, foi elevada a metrópole eclesiástica, em 1393; em 1716 o Papa Clemente XI elevou a capela real a basílica patriarcal, ficando a antiga diocese dividida em duas até 1740, ano em que foi reunificada.
D. Rui Valério foi nomeado por Francisco a 10 de agosto de 2023, sucedendo no cargo a D. Manuel Clemente, que apresentou a sua renúncia ao Papa, após ter atingido o limite de idade (75 anos) determinado pelo Direito Canónico para o exercício do ministério.
A Eucaristia começou com a imposição do pálio ao patriarca de Lisboa, por D. Ivo Scapolo, núncio apostólico, e contou com a participação da representantes das comunidades católica, autoridades governamentais e militares.
OC
Vigário-geral do Patriarcado de Lisboa desde 2011, D. Nuno Isidro escolheu como lema episcopal ‘Gratis accepistis, gratis date’ (‘Recebestes de graça, dai de graça’), uma passagem do Evangelho segundo São Mateus. O seu Brasão Episcopal, em cor verde, evoca “a virtude da esperança”, mensagem central do Jubileu 2025, convocado pelo Papa Francisco. Nascido a nasceu a 8 de setembro de 1964, em A dos Cunhados, no Concelho de Torres Vedras, no Patriarcado de Lisboa, o novo bispo fez a sua formação na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e foi ordenado sacerdote a 1 de julho de 1990; é diretor espiritual do Seminário dos Olivais, desde 2017.
D. Alexandre Coutinho Lopes de Brito Palma Professor associado da Universidade Católica Portuguesa (UCP) e vice-diretor da Faculdade de Teologia da UCP, D. Alexandre Palma escolheu como lema episcopal ‘Ad Matutinum Laetitia’ (‘Ao amanhecer, volta a Alegria’), passagem do Salmo 30, presente nas suas Armas de Fé. O membro mais jovem do Episcopado português foi nomeado, a 31 de maio, como presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023. Nascido a 11 de agosto de 1978, o novo bispo foi ordenado sacerdote a 2 de julho de 2006 e é prefeito do Seminário Maior de Cristo-Rei dos Olivais desde julho de 2012. Doutor em Teologia Dogmática pela Universidade Pontifícia Gregoriana, de Roma, é ainda vice-diretor e coordenador das relações internacionais e membro do Conselho Científico da Faculdade de Teologia da UCP, diretor e investigador do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (CITER), da mesma faculdade. |