Igreja/Portugal: D. José Ornelas alerta para discursos que promovem «divisão, insulto ou o ódio»

Conferência Episcopal vai promover «Fórum Migrações», a 15 de novembro

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Fátima, 10 nov 2025 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) alertou hoje, em Fátima, para a crise de habitação e a polarização no país, apelando ao diálogo e à rejeição do ódio.

“Vivemos dias em que o medo, a desconfiança e a agressividade parecem querer ocupar o lugar da razão e do diálogo. Nenhum projeto humano se pode erguer sobre a divisão, o insulto ou o ódio”, referiu D. José Ornelas, no discurso de abertura da 212ª Assembleia Plenária do episcopado católico.

O bispo de Leiria-Fátima destacou que “a nação só floresce quando cada cidadão reconhece no outro um irmão, não um inimigo”.

“A Igreja convida, por isso, a rejeitar as palavras fáceis que prometem soluções rápidas, mas que alimentam ressentimentos e destroem pontes. O caminho cristão é exigente: é o da escuta, da verdade e da fraternidade concreta”, acrescentou.

Portugal continua a enfrentar diversos desafios do ponto de vista social: as dificuldades económicas de muitas famílias, as desigualdades sociais, o difícil acesso à habitação, a pressão sobre os serviços de saúde e o fenómeno migratório são alguns dos exemplos, agravados por discursos polarizados e ideologias extremistas.”

O presidente da CEP recordou a “renovação das estruturas democráticas”, após as eleições legislativas realizadas há um ano, as autárquicas em maio e a aproximação das presidenciais, considerando “urgente que os homens e as mulheres que servem na política busquem mais consensos, se comprometam verdadeiramente com o bem comum e procurem garantir a paz social, na dignidade e na justiça”.

D. José Ornelas sustentou que um migrante “é um irmão e não uma ameaça”, recordando que no próximo sábado vai decorrer em Fátima um ‘Fórum Migrações’, com o objetivo de sensibilizar e formar as comunidades católicas para o fenómeno migratório e “contribuir para a reflexão desta temática, na Igreja e na sociedade em geral”.

O encontro é dirigido aos bispos, a participantes das dioceses com ligação à dinâmica das migrações, aos organismos nacionais da Conferência Episcopal e às congregações religiosas que trabalham nesta área.

Estamos conscientes do impacto que traz à sociedade portuguesa o aumento do número de migrantes, que interpela a nossa capacidade de acolher e integrar, mas que se revela também uma oportunidade para construirmos, juntos, uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, onde ninguém é excluído ou descartado.”

No plano internacional, o presidente da CEP sublinhou a necessidade de paz perante “um instável cessar-fogo” na Faixa de Gaza, a guerra na Ucrânia ou a situação de Cabo Delgado, Moçambique.

A conferência de imprensa conclusiva da Plenária vai realizar-se às 15h00 de quinta-feira, no Centro Pastoral Paulo VI, após a leitura do comunicado final.

A CEP foi formalmente reconhecida a seguir ao Concílio Vaticano II, em 1967, reunindo os bispos das dioceses portuguesas que, para melhor exercerem as suas funções pastorais, põem em comum preocupações e experiências, acertam critérios de ação e coordenam esforços.

OC

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