Encontro decorre em Faro, debatendo crise no país e impacto dos conflitos na Europa
Faro, 16 mar 2024 (Ecclesia) – O Conselho Geral da Cáritas Portuguesa, que decorre até domingo no Seminário de São José, em Faro, começou com alertas para “o número de pessoas pobres e em risco de pobreza”.
“A diferença de rendimentos entre pessoas residentes em Portugal, a dificuldade de promover as regiões mais distantes das grandes cidades e também a dificuldade na progressão da cultura da solidariedade geram um ambiente de preocupação e, às vezes, até de falta de esperança”, referiu D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
Na abertura dos trabalhos, esta sexta-feira, o bispo de Santarém considerou “necessário que as empresas existam e tenham êxito”, mas também “que o desenvolvimento da sociedade seja abrangente a toda população”.
“Caso contrário, edifica-se uma sociedade não justa e perigosa para todos”, alertou, numa intervenção divulgada pelo jornal ‘Folha do Domingo’, da Diocese do Algarve.
O responsável católico evocou a crise económica e os conflitos armados, com “milhões de pessoas que passam fome”, pedindo que todos trabalhem para “abrir caminhos de esperança”.
Já a presidente da Cáritas Portuguesa considerou o Conselho Geral como uma “oportunidade muito importante” não só para “avaliar o que foi feito”, mas para fazer uma “leitura da realidade”.
“O trabalho com os atores locais, sempre em rede, tem-nos permitido em cada território fazer a diferença na vida dos mais vulneráveis”, assinalou Rita Valadas.
É uma oportunidade única de nos encontrarmos todos e podermos trocar impressões e falar de preocupações e, em relação ao território que visitamos, mostrar que somos uma rede”.
Rita Valadas admitiu que se vivem “tempos muito difíceis”.
“Temos muitos desafios, muitos que nos acompanham há muito tempo, mas muitos novos e a Cáritas tem feito a diferença em todas as situações de crise que o país tem enfrentado”, desenvolveu.
D. Manuel Quintas, bispo do Algarve deixou votos de que a reunião no Algarve possa constituir uma oportunidade para a diocese “se sinta mais estimulada ainda no serviço”.
“O serviço da Cáritas é sempre uma interpelação, um apelo e uma inquietação no sentido de olharmos à nossa volta com o coração e não com os olhos. Se olharmos com o coração, certamente que nos sentimos mobilizados e mobilizamos outros para socorrer quem precisa”, considerou.
Carlos de Oliveira, presidente da Cáritas do Algarve, falou de uma “região de grandes contrastes”.
“A fuga da população para o litoral na busca de melhores soluções profissionais acaba por deixar muitos montes apenas com os idosos entregues a si mesmos”, advertiu, estimando que 25% da população algarvia viva na pobreza.
A sessão de abertura do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa contou ainda com a presença da diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, Margarida Flores, e momentos musicais protagonizados pelo coro de câmara da Sé de Faro, ‘Cantate Domino’.
OC
Portugal: Pobreza é «tema que deveria ser bandeira de todos» – Presidente da Cáritas Portuguesa