D. José Cordeiro salienta que as conclusões «traduziram a experiência» de um «grande acontecimento eclesial»

Fátima, 19 jun 2025 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade (CELE), dos bispos de Portugal, disse que o Congresso Eucarístico Nacional, realizado há um ano, tem sido “um passo em frente na Igreja”, como pediu o Papa Francisco.
“Sobretudo, aquilo que tem acontecido ao longo deste ano em muitas realidades diocesanas e, concretamente, também na Arquidiocese de Braga, que foi quem acolheu este grande acontecimento: na valorização da formação, da celebração da Eucaristia, da reconfiguração da adoração eucarística, de uma Igreja mais sinodal, mais eucarística e mais mariana, interligando Cristo, que é o pão da vida”, explicou D. José Cordeiro, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O V Congresso Eucarístico Nacional (CEN), com o tema ‘Partilhar o Pão, alimentar a Esperança. «Reconheceram-n’O ao partir o Pão»’, decorreu de 31 de maio a 2 de junho de 2024, começou um dia depois da Solenidade do Corpo de Deus, 100 anos após a sua primeira edição, também na Arquidiocese de Braga.
“As conclusões traduziram a experiência que aquele grande acontecimento eclesial traduziu naquela feliz realização de reflexão, de celebração, de peregrinação, e o Papa Francisco na sua mensagem para o congresso dizia que augurava que fosse um passo em frente na Igreja”, acrescentou o arcebispo de Braga, que acolheu o encontro.
Com cerca de 1400 participantes, de todas as dioceses, as conclusões do V CEN apontaram sete “linhas orientadoras” para a Igreja Católica em Portugal, como a redescobrir a centralidade da celebração da Eucaristia para além do Domingo, a Eucaristia como “escola de fraternidade e sacramento de unidade”.
“O Domingo é a festa semanal, a Páscoa semanal, o encontro por excelência na celebração da Eucaristia que faz a comunidade, sentimos em muitos lugares alguma diminuição, até porque os ritmos de vida são outros, o conceito de fim de semana sobrepõe-se ao sentido do Domingo, até ao sentido sagrado, o desporto e outras atividades ocupam o lugar da celebração da Eucaristia, mas nós temos de continuar a propor com esperança a beleza da celebração da Eucaristia”, desenvolveu D. José Cordeiro.
‘Garantir a autenticidade e coerência entre o que se vive e anuncia’, que é para todos e cada um, foi outra recomendação, e “é esse o fulcro da espiritualidade cristã, viver de acordo com o que se celebra”, o arcebispo lembra São Bento que dizia o “pensamento esteja de acordo com os lábios”.
As conclusões do V CEN recomendam a ‘procurar o equilíbrio entre a Tradição e a necessidade de introduzir novas linguagens na liturgia’, o que “é possível” para o presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade, porque têm “a norma e a liberdade”.
“E dentro da liberdade temos tanto por onde traduzir esse assombro da beleza daquilo que celebramos. Há um caminho longo a fazer na formação litúrgica, em Portugal muito se tem feito nos encontros nacionais de pastoral litúrgica, felizmente muitas dioceses estão a reorganizar-se mesmo nesta formação”, acrescentou, no Programa ECCLESIA transmitido hoje na RTP 2.
A partir do lema da bula de proclamação do atual Ano Santo, o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja, ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana), D. José Cordeiro afirma que a esperança “não é só que hoje pode ser melhor do que ontem, ou amanhã melhor do que hoje”, mas é a esperança no aqui e agora da história, “na vida que se prolonga até para lá da morte, e como se diz na Eucaristia: ‘Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!’.
O programa do Congresso Eucarístico Nacional incluiu conferências, painéis com testemunhos e workshops, momentos celebrativos e culturais; a Eucaristia de encerramento foi presidida pelo cardeal português D. José Tolentino de Mendonça, enviado especial do Papa, no Santuário do Sameiro.
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