«O que está em jogo, hoje, com a Inteligência Artificial é a sua necessidade de se encontrar com a Inteligência Humana» – Carlos Liz
Lisboa, 10 mar 2025 (Ecclesia) – A Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos promove o encontro ‘Praça Central’, com o tema ‘Fia-te nos algoritmos e não vivas… Desafios Humanos na Era da IA: um debate urgente’, este sábado, 15 de março, em Braga.
“O objetivo é dar às pessoas ferramentas para poderem pensar o tema, ajudá-las a situarem-se. Eu acredito que há pessoas hoje que acham que ainda não existe inteligência artificial, ou que ela não está metida nas suas vidas. E, portanto, de alguma forma apresentar-lhe o que é que já existe, mas também ajudá-las a pensar para o futuro, e, sobretudo, não criar medo”, disse o presidente da CNAL, João Cordovil Cardoso, hoje, em entrevista à Agência ECCLESIA.
A Conferência Nacional das Associações do Apostolado dos Leigos promove o seu encontro ‘Praça Central’, este ano com o tema ‘Fia-te nos algoritmos e não vivas… Desafios Humanos na Era da IA: um debate urgente’, com três conferências e dois painéis, este sábado, dia 15 de março, no Espaço Vita, da Arquidiocese de Braga.
“É particularmente interessante que este tema da Inteligência Artificial aconteça numa ‘Praça Central’, porque na verdade o que está em jogo hoje com a Inteligência Artificial é a sua necessidade de se encontrar com a Inteligência Humana, ou se quisermos usar os termos ao contrário, a Inteligência Humana na Praça Central acolhe com gosto a sua filha e, ao mesmo tempo, a colega”, destacou Carlos Liz, consultor em estudos de mercado e de opinião.
João Cordovil Cardoso acrescentou que querem “dar às pessoas a ideia, mas mostrar às pessoas a esperança”, e observa que todos estão “fartos de ouvir as ‘fake news’, as ‘deepfakes’, que põem na boca das pessoas coisas que elas nunca disseram, ideias que nunca tiveram”, e que podem condicionar a liberdade.
Segundo Carlos Liz, acompanha-os o “sentido de emergência” por causa da evolução da inteligência artificial, que tem muito a ver com a “ideia de uma inteligência cheia de vida”.
“Nós, crentes, não temos que ter medo do que acontece, porque por mais inteligência que nós produzamos, ou que tenhamos estas novas ligações, a inteligência de Deus é infinita, e esse infinito é muito saboroso; Deus achará muita graça ao que nós, os humanos, andamos aqui a fazer, portanto, no sentido de tentar compreender melhor as coisas e ligarmos as coisas”, acrescentou o consultor em estudos de mercado e de opinião.
O presidente da CNAL explicou que escolheram refletir sobre a inteligência artificial, há três anos, quando este tema “não era muito falado dentro da Igreja sequer”, mas inquietava as Associações de Apostolado dos Leigos, “porque pode levar a que o homem se queira substituir a Deus, queira tornar-se Criador em vez de ser criatura”.
“Uma das preocupações que surgiu logo de início foi nas coisas boas, ótimas, que a Inteligência Artificial traz. E, curiosamente, pouco tempo depois, o Papa fez uma comunicação ao Grupo Minerva, e, nós pensámos, afinal, não estamos muito longe das ideias que estão agora a viver na Igreja”, acrescentou, salientando que o desafio que Francisco lança sobre este tema “é sempre a questão ética da Inteligência Artificial”.
Carlos Liz, que vai intervir num dos dois painéis da ‘Praça Central’, realça que, segundo os cientistas e os tecnólogos, o tema da inteligência artificial “não é tão novo assim”, nasceu há décadas e “foi tendo evoluções significativas”, mas “está a ganhar, de facto, novas dimensões”, e destaca que, nos últimos meses, “existem alterações substantivas a partir da entrada, em força, da inteligência artificial generativa”.
“Ela tem o apelido de artificial, mas, na verdade, é filha do humano, e com ele vai fazer companhia. É muito curioso que esta inteligência, para quem procura pensar uma forma de estar no mundo com determinados valores, com determinada visão, como nós, crentes, precisamos de muita inteligência”, desenvolveu o especialista, no Programa ECCLESIA, transmitido esta segunda-feira, 10 de março, na RTP2.
As inscrições para a ‘Praça Central’ 2025 podem realizar-se na página na internet da CNAL, que destaca que este encontro “ganha uma nova motivação” com o Sínodo dos Bispos (2021-2024) e com o Papa Francisco a pedir à Igreja “uma reflexão alargada sobre a comunhão, participação e missão”.
PR/CB/OC