Organismos católicos alertam «deterioração do acesso à habitação e da garantia de condições mínimas de vida dignas», recordando estudo da Cáritas
Lisboa, 08 jul 2025 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CJNP) e outros organismos católicos dos Institutos Religiosos e dioceses portuguesas desafiaram hoje o novo Governo a assumir o combate à pobreza como prioridade da legislatura.
“Numa fase em que um novo governo inicia funções, as Comissões Justiça e Paz querem afirmar que consideram as metas e objetivos de combate à pobreza um desígnio nacional prioritário que deve mobilizar, com empenho, firmeza e determinação, o Estado como um todo, a sociedade civil e as Igrejas e comunidades religiosas”, indica a declaração conjunta, enviada hoje à Agência ECCLESIA.
O texto é assinado pela CNJP, a Comissão Justiça, Paz e Ecologia dos Institutos Religiosos, as Comissões Arquidiocesanas Justiça e Paz de Braga e Évora e as Comissões Diocesanas Justiça e Paz do Algarve, Aveiro, Lamego, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.
Os signatários recordam que os dados revelados pelo recente estudo da Cáritas Portuguesa ‘Pobreza e Exclusão Social em Portugal’ “assinalam que, embora nos últimos anos tenha havido alguma melhoria nos indicadores da privação material e social da população portuguesa, o ritmo do progresso é manifestamente insuficiente para atingir as metas estabelecidas na Estratégia Nacional de Combate à Pobreza”.
“Particularmente preocupante é a deterioração do acesso à habitação e da garantia de condições mínimas de vida dignas, com o aumento das pessoas sem-abrigo e de famílias a viver em condições claramente desadequadas”, adverte a declaração.
O estudo da Cáritas Portuguesa, publicado em março, alertava para uma prevalência “estruturalmente elevada” de situações “extremas” de exclusão social, no país.
“Em 2024, de acordo com as estatísticas do INE, cerca de 500 mil pessoas viviam em privação material e social severa, 266 mil não tinham capacidade financeira para terem uma alimentação adequada, 649 mil não tinham capacidade para comprar roupa nova, mais de 1 milhão não tinham meios para gastar uma pequena quantia consigo e mais de 1,6 milhões não conseguia manter a casa devidamente aquecida”, refere o documento.
OC
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