D. António Marcelino diz que respostas sociais são importantes mas é necessário ir além da assistência
Lisboa, 04 dez 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal tem de procurar novas formas de valorizar os idosos e responder às suas necessidades, alertou D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro.
“Cresceram os casos de isolamento, de internamento em instituições, de abandono de idosos nos hospitais e nos lares, as pensões de reforma são para muitos claramente insuficientes, muitos dos mais idosos se instalam nas suas rotinas e nostalgias, mais parecendo esperar a morte” escreve o prelado, em texto hoje publicado no Semanário Agência ECCLESIA.
Numa edição dedicada ao Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações, D. António Marcelino admite que a Igreja tem “muito para fazer”, neste campo, “tanto dentro das obras sociais, como na ação pastoral paroquial”.
“Os mais idosos constituem um património social e eclesial de generosidade e fidelidade. Se a sociedade os julga um peso, é preciso que a Igreja, no seu testemunho atento, sublinhe o seu valor humano e cristão e promova socialmente o respeito que lhes é devido”, precisa.
O prelado elogia, a este respeito, elogia “o cuidado das paróquias e outras instituições em encontrar e implementar respostas sociais, como lares, centros de dia, espaços de convivência, enfermarias de cuidados intensivos, e agora, também, de acolhimento de noite”.
Este responsável, observa, no entanto, que “não falta na sociedade gente sem escrúpulos que, vendo o interesse das famílias em internar os seus idosos, cai na tentação do lucro indevido, recebendo muito e gastando o mínimo com os internados à sua conta”.
O bispo emérito de Aveiro pede, por outro lado, que a proposta da Igreja Católica para os idosos não se limite à dimensão assistencial, frisando que “há critérios e propostas de enriquecimento espiritual desta fase etária”, por vezes esquecidas ou secundarizadas.
“Há muitos caminhos a andar na fidelidade à missão, mas nenhum caminho será evangélico quando se menosprezam os mais idosos”, adverte.
D. António Marcelino destaca, em particular, a ação do ‘Vida Ascendente, Movimento Cristão dos Reformados’ como uma “proposta válida”, que os padres precisam de conhecer.
Já o diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, cónego João Aguiar, refere que a Igreja tem de interrogar-se, a respeito deste ano europeu, em relação ao “serviço aos seniores, melhorando a sua pastoral neste domínio”.
“As nossas paróquias podem e devem, de facto, ajudá-los a manter e alargar o círculo em que se movem, pois que uma boa e diversificada rede social melhora a qualidade de vida; podem e devem atribuir-lhes tarefas – sendo o aconselhamento, enraizado na sua experiência, uma das mais evidentes”, destaca, no editorial semanal da Agência ECCLESIA.
O Parlamento Europeu e a Comissão Europeia declararam 2012 como o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações, para “promover uma cultura de envelhecimento ativo na Europa, convocando valores europeus como a solidariedade, a não discriminação, a independência, a participação, a dignidade, o cuidado e a autorrealização das pessoas idosas”.
OC