Igreja/Portugal: Catequese com primeiros recursos inspirados no «Itinerário de Iniciação à Vida Cristã»

«A Igreja em Portugal, as comunidades e a nova geração estavam a precisar de uma nova proposta» – D. António Augusto Azevedo

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Fátima, 20 fev 2024 (Ecclesia) – Os bispos portugueses receberam esta segunda-feira os primeiros recursos catequéticos do novo ‘Itinerário de Iniciação à Vida Cristã das Crianças e dos Adolescentes com as Famílias’, que apontam a uma preparação alargada e menos ligada ao percurso escolar das crianças, adolescentes e jovens.

“É um desafio importante e muito atual, a Igreja em Portugal, as comunidades e a nova geração estavam a precisar de uma nova proposta, que respondesse às necessidades de uma geração que requer uma outra aposta na sua iniciação cristã. Jovens e adolescentes com as famílias requerem um empenhamento mais forte e uma resposta mais eficaz para que tenham uma iniciação cristã que os leve a descobrir a beleza da fé, a profundidade da fé”, explicou D. António Augusto Azevedo, presidente Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), da CEP, em declarações à Agência ECCLESIA.

O responsável realça que “uma das linhas fundamentais” do novo itinerário é superar essa lógica “muito fechada, muito restritiva, do itinerário anterior que era muito escolarizado, por isso, procura “descolar dessa realidade”, também de acordo com o novo Diretório da Catequese para a Igreja Universal, porque a catequese pretende, acima de tudo, “formar cristãos, trata-se sobretudo de etapas de crescimento, de descoberta da fé”.

“Nos novos recursos não vem a referência a um ano, trata-se de etapas de caminho de crescimento da fé, e é isso que verdadeiramente nos interessa e que esperamos que estes recursos ajudem, sejam recursos físicos, livros, mas há também recursos digitais. O que nos importa acima de tudo é a formação da totalidade da pessoa, do coração, dos sentidos, da mente, seja uma formação de verdadeira iniciação”, desenvolveu D. António Augusto Azevedo.

O bispo de Vila Real, no contexto da transformação sociorreligiosa, cultural, mesmo num país de tradição católica como Portugal, explica que em contextos anteriores “dava-se por adquirido” que a cultura envolvente, as comunidades e as famílias, “eram capazes de garantir uma certa base, uns certos pilares da fé”, mas, cada vez menos, há essa garantia, por isso, “a catequese procurará incidir mais, valorizar mais, numa lógica de iniciação”, que envolve a pessoa mas “não deixa de envolver também as comunidades”.

O novo ‘Itinerário de Iniciação à Vida Cristã das Crianças e dos Adolescentes com as Famílias’, aprovado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em 2022, pretende formar os catequisandos para além da celebração de um sacramento, de um diploma e de um percurso semelhante ao escolar definido por anos.

“Esse objetivo sempre esteve presente, mas se calhar não tão notoriamente, não se sentia tanto e, às vezes, o que passa a nível geral para as pessoas era em função dos sacramentos, e muitos se calhar ainda pensam assim. O que implica também uma grande viragem, uma grande mudança que nós sentimos, sobretudo em Igreja e não só, e na sociedade, porque estamos em constante mutação permanente”, disse a coordenadora do Departamento da Catequese, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) da CEP, em Fátima.

A irmã Arminda Faustino explicou à Agência ECCLESIA que há “um caminho a fazer, o itinerário que se vai construindo e conjuntamente”, porque este caminho é para vários, “não é só para uma pessoa”, e é esse o desafio em que se encontram, um itinerário de iniciação à vida cristã, com as famílias, que não pode ficar pela infância e adolescência, mas querem que “se prolongue e tenha continuidade também nos jovens e nos outros”.

“A comunidade cristã é a grande catequista. Precisámos ainda muito mais de aprofundar este objetivo até que tenhamos esta consciência, todos, porque a comunidade é uma família mais alargada e tem este peso também. Efetivamente, logo com o ‘despertar da fé’, começa com os pequeninos, com as famílias”, acrescentou a religiosa.

A coordenadora nacional do setor da Catequese lembra que, há umas décadas, “este despertar da fé era quase que simultâneo, era natural, com o leite que se bebia na mais terrinha infância”, mas, hoje, não sentem isso, e “é um desafio”, afirmando a necessidade e importância de “acompanhar as famílias”, que precisam de ser olhadas “com carinho, de ir ao encontro das suas necessidades e de fazer esse caminho com elas”.

D. António Augusto Azevedo realça que este itinerário pretende “formar cristãos a partir de dentro”, capazes de quando chegarem à idade adulta ou à juventude terem “alguma solidez religiosa, serem capazes de rezar, terem uma vivência sacramental”.

“Serem capazes de um compromisso comunitário e também social próprio de um cristão adulto”, observou o presidente Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, reforçando que as comunidades têm que se “preparar para ajudar os jovens” a fazer este itinerário.

O novo itinerário de inspiração catecumenal proposto pelos bispos portugueses tem quatro tempos diferentes: ‘o Despertar da Fé, a Iniciação à Vida Cristã, o Aprofundamento Mistagógico e o Discipulado Missionário’; os bispos portugueses, através da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, receberam materiais catequéticos da coleção que tem como nome global ‘Emaús’.

Os materiais físicos e online para o ‘Itinerário de Iniciação à Vida Cristã’ têm estado a ser desenvolvidos por um grupo alargado, do Departamento da Catequese do SNEC em colaboração com os Salesianos Editora, da Província Portuguesa da Sociedade Salesiana – Salesianos de Dom Bosco.

“Isto nunca pode ficar centrado só a uma, duas, três pessoas, um grupo muito restrito. Tem que ser sempre mais alargado, nomeadamente com gente especialista, que se entende bem, competente, que domine estas áreas, porque nós somos um todo e falamos com todos os sentidos”, salientou a coordenadora Departamento da Catequese do SNEC.

“Temos muita esperança que a gente vá conseguindo, cada vez mais, alargar o nosso leque e incluir muitos mais”, acrescentou a irmã Arminda Faustino, sublinhando que precisam de todos neste setor onde têm uma “necessidade muito grande deste trabalho conjunto e do contributo de todos”.

OC/CB

 

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Agência ECCLESIA

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