Igreja/Portugal: Cáritas Diocesanas de Beja e Vila Real acolhem, promovem e integram migrantes

Cristina Fernandes afirma que a Igreja está «empenhada» em «abraçar este problema das migrações»

Foto: Diocese de Beja; Bispo diocesano no Jubileu dos Migrantes

Fátima, 21 nov 2025 (Ecclesia) – As Cáritas Diocesanas de Beja e de Vila Real foram duas instituições das várias que integram esta rede nacional da Igreja Católica que participaram no ‘Fórum Migrações’, da Conferência Episcopal Portuguesa, e partilharam a realidade de acolhimento e apoio.

“Portugal e a Europa precisam de mão de obra, essa é uma constatação, e o que é verdade é que estas pessoas continuam a chegar, e continuam a não ser bem acolhidas e integradas. Nós temos vários problemas, nomeadamente a grave questão nacional que é a habitação, e as populações ainda estão muito aquém de acolher, as pessoas ainda têm medo desta quantidade de gente que cá está, e é um grande trabalho a fazer”, disse Cristina Fernandes, da Cáritas Diocesana de Beja, à Agência ECCLESIA.

A entrevistada, que trabalha há 10 anos na Cáritas de Beja, depois de três anos como voluntária, explica que a “densidade populacional do Alentejo é muito baixa”, e os migrantes fazem “toda a diferença”, chegam “à procura de uma vida melhor”, e esta região “precisa de muita mão de obra”.

“No Alentejo temos imensos migrantes, o Alentejo mudou a sua geografia, e temos muitos migrantes sobretudo em trabalho agrícola, que é um trabalho sazonal, e que tem as suas especificidades. A Igreja está empenhada a querer abraçar este problema das migrações”, acrescentou.

Para Cristina Fernandes, a questão das migrações “é uma questão da Igreja” e, sobretudo, da Pastoral Social, por isso, o primeiro ‘Fórum Migrações’, convocado e organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), é o “lugar certo” para conseguirem, entre todos, “pensar globalmente como resolver este problema, como é que cada um no seu território saber ler a realidade”.

Já Mário Gonçalves, da Cáritas Diocesana de Vila Real, destacou que este encontro nacional “é de uma importância absoluta” para refletirem e partilharem as diversas realidades, e criarem as “melhores condições para dignificar a vida humana”.

Este agente pastoral salienta que o fenómeno da imigração “não é restrito ao litoral, esta realidade das migrações no interior”, e sentem-no também nesta diocese, após anos “mais complicados”, sobretudo 2023 e 2024, quando tinham “uma expressão bastante significativa da comunidade brasileira”, a situação começa a “estabilizar um bocadinho”.

“Hoje, temos também aumento de uma expressão de quem nos procura da Guiné-Bissau, e que vem com o objetivo de estudar, e procuram-nos também com uma maior incidência. Procuram a Cáritas precisamente para suprir necessidades básicas, como uma habitação, condições de habitabilidade dignas, e alimentação também no primeiro momento, bem como fazermos apoios pontuais”, disse o entrevistado que integra também a área das migrações.

Foto Agência ECCLESIA/PR

Mário Gonçalves acrescenta que vão percebendo que vêm com “uma autorização para estudar em Portugal”, mas “rapidamente desvanece esta ideia e há um intuito de entrar no mercado de trabalho”, de “criar aqui melhorias das condições de vida”, alguns continuam como trabalhadores-estudantes.

No território de Vila Real, segundo este trabalhador da Cáritas, não têm “situações de desconforto, ou de imenso desconforto sentido” pela presença de migrantes que consiga identificar.

“Não sei se será por sermos um território interior e com uma cultura também de bem acolher, mas eu sinto que a maioria da população consegue acolher e conviver muito bem com os migrantes que nos procuram e que se vão acabando por fixar.”

Cristina Fernandes, da Cáritas Diocesana de Beja, salienta que esta instituição da Igreja Católica “pega na pessoa integral”, olha para elas e para o seu problema, e “tenta dar resposta”, no caso do Alentejo querem que as pessoas migrantes “sejam acolhidas, integradas, e que tragam as suas famílias”.

O primeiro ‘Fórum Migrações’ vai estar em destaque no Programa 70×7 este domingo,  às 17h30, na RTP2.

CB/OC

Partilhar:
Scroll to Top