Nota episcopal sobre a participação política apela à mobilização dos católicos em ciclo que engloba legislativas, autárquicas e presidenciais

Setúbal, 19 mar 2025 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal publicou hoje uma nota sobre o próximo ciclo eleitoral, que engloba legislativas, autárquicas e presidenciais, apelando a campanhas centradas nos “problemas reais” das populações.
“Exijamos saber o que cada candidato pensa, o que propõe, o que quer efetivamente fazer. Exijamos respostas aos problemas reais dos cidadãos e das nossas comunidades”, escreve o cardeal D. Américo Aguiar, num documento enviado à Agência ECCLESIA e divulgado online pela diocese sadina.
“Mais que slogans vazios e ocos, procuremos escutar e dialogar com quem fale dos problemas reais e das respetivas soluções, como é o caso da saúde, da educação ou da habitação; os pensionistas, os estudantes, os jovens, os trabalhadores, os precários, os migrantes, a preocupação com a sustentabilidade da segurança social, com a mobilidade, a ecologia integral”, acrescenta.
A nota é assinada no dia em que se celebra a memória de São José e tem como título ‘Sobre a Participação Política’, convidando as comunidades católicos a mobilizar-se nestes processos.
“Acredito que a maioria dos portugueses e, de um modo concreto os homens e mulheres da Diocese de Setúbal, estão conscientes das crises que nos assolam e muito particularmente da crise política que provocou a queda do governo e a necessidade de termos pela frente mais um período eleitora”, indica D. Américo Aguiar.
O cardeal português apela à “participação política de todos vós”, sublinhando a “obrigação” particular dos católicos, neste momento da sociedade.
É necessário, eu diria mesmo, é urgente que os princípios e valores cristãos se vejam de forma clara e assumida na vida dos partidos e dos movimentos políticos. Já lá vai o tempo em que era normal ouvir referências à ala católica da bancada A ou B, do partido C ou D, ou ainda dos movimentos aos sindicatos e em tantas outras estruturas de representação política e ou partidária”.
O bispo de Setúbal defende uma valorização da “política que escuta a realidade, que está ao serviço dos pobres, não da que está escondida em grandes edifícios com longos corredores”.
“Falo da política que se preocupa com os desempregados e sabe muito bem como pode ser triste um domingo quando a segunda-feira é um dia a mais sem poder ir trabalhar”, acrescenta.
O cardeal D. Américo Aguiar alerta para os “assassinatos de caráter”, que levam à “destruição de pessoas e famílias com base em boatos, denúncias que apenas servem para retirar do caminho os concorrentes adversários”.
Não votemos nos mais simpáticos ou nos mais ruidosos, apenas porque parecem mais simpáticos ou porque revelam maior capacidade na luta verbal dos debates… sejamos mais exigentes com as candidaturas e connosco próprios”.
O responsável católico adverte contra promessas de “soluções mágicas, fantasiosas e imediatas”, convidando a superar discursos centrados no “adversário” político e à valorização dos próprios projetos políticos.
A nota pede “mecanismos de defesa dos eleitos”, falando em riscos para a democracia, se for impossível “contar com a disponibilidade de concidadãos com capacidades de excelência”.
“Urge um debate profundo, sem populismos, em torno do estatuto dos eleitos, das remunerações, das incompatibilidades, penalizações e defesa. Se não o fizermos, todos perderemos direitos enquanto cidadãos com deveres cívicos”, insiste o bispo sadino.
O cardeal encerra a mensagem com votos de que a Diocese de Setúbal seja “um exemplo de cidadania interventiva e responsável” e de “cidadania interventiva e responsável”.
OC